Economia Titulo Após alta nos impostos
Combustível sobe na bomba um dia após governo elevar impostos

Na região, diversos postos já aumentaram os
preços; outros registraram filas por valor antigo

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
22/07/2017 | 07:30
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


Os postos de combustível do Grande ABC já começaram a trocar suas placas de preços, alterando-os para cima. Mal o presidente Michel Temer (PMDB) assinou decreto autorizando a elevação de impostos como PIS e Cofins incidentes sobre gasolina, etanol e diesel, na quinta-feira, ao longo do dia de ontem muitos revendedores haviam repassado a alta para a bomba.

Ao mesmo tempo, em postos onde os valores ainda não tinham sido alterados, foram verificadas filas de motoristas tentando encher o tanque sob os preços antigos, ou seja, sem os incrementos de R$ 0,41 na gasolina (para R$ 3,70), R$ 0,21 no diesel (R$ 3,35) e R$ 0,20 no etanol (R$ 2,48).

O presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Grande ABC), Wagner de Souza, havia dito que o impacto seria sentido pelo consumidor somente hoje, o que não se verificou completamente. Questionado sobre a velocidade com que o aumento dos tributos aplicados às refinarias e usinas teria chegado aos postos, Souza atribuiu o fato às distribuidoras. “Nós não sabíamos que já tinham começado a repassar o aumento. Geralmente, quando há mudanças nos preços das refinarias, leva-se de um a dois dias para chegar na bomba. No entanto, à meia-noite e um as distribuidoras já reajustaram os valores de seus estoques e entregaram combustíveis aos postos com valores mais altos. E um aumento dessa magnitude não dá para absorver”, justifica.

Procurado, o Sindicom (Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes) não se posicionou até o fechamento desta edição.

“Mesmo com as distribuidoras tendo repassado as altas antes do previsto, o governo é grande vilão da história. E não só quem tem carro será prejudicado, mas todos os trabalhadores. Isso porque haverá reflexo no sistema de transporte coletivo, além de impactar os preços dos alimentos”, avalia Souza.

PAGANDO O PATO - A decisão de elevar os impostos dos combustíveis para cumprir a meta fiscal de 2017, fixada em deficit de R$ 139 bilhões, na avaliação do presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, vem na contramão da atual situação econômica. “A inflação começava a dar sinais civilizados quando o governo toma essas decisões. Além do mais, o governo não está prometendo o que cumpriu antes de tomar posse, que era cortar gastos e não aumentar impostos. Os únicos prejudicados são os cidadãos”, analisa.

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, também acredita que aumentar impostos não vai resolver a crise. “Ao contrário, irá agravá-la bem no momento em que a atividade econômica já dá sinais de retomada, com impactos positivos na arrecadação em junho”, afirma, em nota.

A entidade encabeça a campanha Não vou pagar o pato, contra a alta de tributos e, desde ontem, recolocou o pato inflável de cinco metros de altura na fachada da Fiesp – a última vez em que isso ocorreu foi no início de 2016, para reforçar apoio ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Mantemos nossas bandeiras e convicções, independentemente de governos. Aumento de imposto recai sobre a sociedade, que já está sufocada, com 14 milhões de desempregados, falta de crédito e sem condições gerais de consumo”, defende Skaf. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;