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Bens de capital têm faturamento recorde
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
06/05/2010 | 07:00
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O setor de bens de capital - máquinas e equipamentos - obteve, em março, o maior faturamento para o mês desde 1984, início da série histórica registrada pela Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).

As vendas em março alcançaram R$ 7,2 bilhões, alta de 47% na comparação com fevereiro. No trimestre, o segmento faturou R$ 16,7 bilhões, montante 20,2% maior que no mesmo período de 2009 - sem descontar a inflação.

É natural que o percentual do faturamento seja maior do que no 1º trimestre do ano passado por conta da base deprimida. À época, a crise financeira atingia fortemente a economia brasileira. O incremento, entretanto, também se deve ao aumento dos investimentos, que estiveram represados ao longo de 2009. Em dezembro, como seria o último mês para a compra financiada de máquinas e equipamentos com juros de 4,5% ao ano, houve antecipação de pedidos, que começaram a ser produzidos nos primeiros meses do ano.

O aquecimento do setor sinaliza a recuperação da economia, pois indica que a área industrial está recebendo investimentos. Puxaram o resultado as vendas de maquinários para as indústrias têxtil, plástico, madeira e gráfica.

Para Carlos Busch Pastoriza, diretor da Abimaq, se continuar assim, a expectativa é que o segmento fature até 20% mais do que em 2009. "Esse crescimento, porém, pode ser tremendamente comprometido com o aumento da Selic (que na última semana foi elevada de 8,75% para 9,5%)". Para Pastoriza, se há riscos de inflação, existem outros meios de contê-la. "O governo poderia, por exemplo, reduzir o número limite de parcelas de financiamentos. O aumento da taxa básica de juros foi um tiro de canhão", critica.

Outra advertência feita por Pastoriza é a autorização da entrada de máquinas e equipamentos usados no País. "A idade média do maquinário brasileiro é de 17 anos. Na Alemanha, são cinco anos. Precisamos dar um choque de investimentos para a substituição por máquinas novas."

EXPORTAÇÕES - As vendas de bens de capital ao Exterior ainda seguem em baixa, apesar da forte alta registrada de 49,9% sobre fevereiro, saltando de US$ 567 milhões para US$ 850 milhões em março. Apresentaram crescimento itens destinados à indústria de bens de consumo (alta de 33,2%), logística e construção civil (28,2%) e agricultura (21,8%).

No trimestre, as exportações somaram US$ 1,8 bilhão, resultado 4,4% inferior ao obtido no período em 2009. A média mensal, de US$ 628 milhões, ainda está abaixo de 2009, quando eram exportados US$ 637 milhões por mês, e de 2008, com US$ 937 milhões.

"O câmbio depreciado (com o produto brasileiro ficando mais caro lá fora) arrefece a demanda por produtos de outras origens, principalmente da China e Índia", aponta Pastoriza. "E na ausência de grandes compradores, os países asiáticos miram para o Brasil, que está em franco crescimento. O problema é que o produto deles entra muito mais barato do que o nosso, desestimulando assim a fabricação local", complementa.




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