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Palmeiras, Corinthians, Santos e São Paulo apostam na formação de atletas na base
02/10/2016 | 06:40
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Gabriel Jesus faz os últimos jogos pelo Palmeiras antes de embarcar para Manchester em dezembro e defender o Manchester City. Lucas gera saudade no torcedor do São Paulo desde que foi vendido ao Paris Saint-Germain, em 2013. Marquinhos e Willian foram embora do Corinthians com pouco tempo de casa e atualmente se destacam na Europa, enquanto que o Santos está atrás de revelar uma nova promessa para suprir a saída de Gabriel.

O trabalho de lapidar talentos não é fácil. O investimento, muitas vezes, é alto para um resultado parco. Mas é necessário formar jogadores para sobreviver. O São Paulo, por exemplo, investiu R$ 24,4 milhões no ano passado na formação de atletas, segundo o balanço do clube. O moderno de CT de Cotia não rendeu outro Lucas, que rendeu R$ 180 milhões, mas gerou opções para o elenco profissional, como Luiz Araújo e Lucas Fernandes.

Desde que assumiu o Palmeiras, por exemplo, o presidente Paulo Nobre reformulou o departamento de base, contratou profissionais, redirecionou o investimento e reformou o CT que fica na rodovia Ayrton Senna. A equipe B, que sempre gerou custos elevados sem retorno, teve as suas atividades encerradas. A descoberta de Gabriel Jesus, negociado com o Manchester City por 32,75 milhões de euros (cerca de R$ 121,1 milhões), só fez confirmar qual é o caminho certo.

Elogiado pela revelação de atletas, o Santos está sempre buscando implementar novas metodologias para ter um maior controle dos processos seletivos e, desta forma, errar menos. Cada jogador gera um custo de R$ 1 milhão em sua formação. O clube, que estuda construir outro CT para abrigar a base, tem como meta direcionar o investimento para jogadores que realmente possa dar retorno dentro e fora de campo.

Apesar de ainda ter fama de não aproveitar como deveria os jogadores das categorias de base, o Corinthians espera terminar o CT para os garotos, que vai ficar ao lado do CT do profissional, no Parque Ecológico do Tietê, até o final do ano que vem e, assim, recuperar terreno. Os jogadores em formação ficaram desalojados desde que o CT de Itaquera foi derrubado para que fosse construído o Itaquerão. Fausto Bittar Filho também assumiu como diretor recentemente depois que alguns escândalos do antecessor, José Onofre de Souza Almeida, foram descobertos.

Confira quem são as promessas de cada clube grande de São Paulo:

PALMEIRAS - Alan pega o celular no vestiário e observa um vídeo antes de colocar o uniforme do Palmeiras para entrar em campo. Em ação, um certo jogador do Barcelona. Messi? Neymar? Não. A fonte de inspiração do camisa 10 da equipe Sub-17 é Iniesta. Não adianta argumentar. "Ele é quem arma o jogo do Barcelona. É da minha posição. Tenho uns vídeos no celular, que procuro ver antes das partidas e tento imitá-lo".

Além de tentar repetir os movimentos, o palmeirense carrega outra semelhança com o jogador espanhol. Alan é o capitão do Palmeiras, assim como Iniesta é no Barcelona. "O espírito de liderança é uma das minhas principais características", comentou.

O garoto chegou ao Palmeiras no começo de 2014, vindo da ADC Mercedes-Benz, equipe de São Bernardo do Campo (SP), primeiramente para o time de futsal. A transição para o campo ocorreu em seis meses. Versátil, Alan tem facilidade para atuar como o tradicional camisa 10, mas com fôlego para ajudar na marcação. "É o futebol moderno, se marca e joga também".

Com apenas 16 anos, o garoto, convocado algumas vezes para a seleção brasileira, é uma das esperanças para subir para o profissional nos próximos anos e repetir o sucesso de Gabriel Jesus.

CORINTHIANS - Franklin tinha pouca noção de dinheiro, mas toda vez que passava com a mãe pela Escolinha do Corinthians, a Chute Inicial, em Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, fazia o mesmo pedido: ser matriculado para jogar futebol. A situação financeira de Vânia, dona de um salão de cabeleireiro na região, não permitia o gasto adicional naquele momento. Mas, aos poucos, as coisas melhoram e, enfim, o desejo do filho foi atendido.

Lá o garoto se destacou como zagueiro e, em 2011, foi aprovado em teste no Corinthians. Agora, aos 17 anos, está entre os jogadores com potencial para servir o profissional. Franklin já fez alguns treinos com o time principal e recebeu o apelido de "Gilzinho", devido à semelhança física com Gil, que defendeu o clube até o começo deste ano e atualmente está no Shandong Luneng, da China. Dentro de campo, o estilo é parecido. Franklin é o chamado zagueiro-zagueiro.

"Faço o que o zagueiro tem de fazer, que é afastar a bola, sem brincadeira", disse Franklin, que, além de Gil, se diz fã de Domingos, que teve passagem pelo Santos, e de Pepe, brasileiro naturalizado português do Real Madrid.

Nas próximas férias, Franklin planeja viajar para a Nigéria. O pai, Joseph, é nigeriano e o garoto quer conquistar dupla cidadania. Atuar pela seleção africana está nos planos do beque corintiano se não for possível defender o Brasil.

SANTOS - Dar chutão, ou quebrar a bola, na gíria da molecada, são expressões que não fazem parte do vocabulário de Wagner Leonardo, zagueiro da equipe sub-17 do Santos. O garoto, que sonhava ser Paulo Henrique Ganso, busca hoje inspiração em Sergio Ramos, do Real Madrid. O provável dono da imortal camisa 10 santista se tornou um defensor capaz de lidar com os atacantes, sair para o ataque com eficiência e marcar gols de cabeça.

A mudança de posição ocorreu no primeiro treino no Santos, aos 10 anos. "Não tinha zagueiro e me pediram para quebrar um galho", relembra Wagner. "É difícil ter zagueiro de qualidade, por isso me destaquei", explicou o garoto.

A trajetória quase foi interrompida em novembro de 2014. Na final do Paulista Sub-15, em Cotia (SP), contra o São Paulo, o menino fraturou a tíbia da perna direita e ficou um ano sem jogar. "Você pensa em largar o futebol, pensa que não vai mais voltar. Chorei muito".

Wagner voltou mais forte. Destacou-se e, há dois meses, assinou o primeiro contrato profissional com três anos de duração. Quem cuida da sua carreira? Os pais Wagner e Glória. "Eles nunca vão me trair ou colocar pressão". Elogiado no clube, ele quer provar que na Vila Belmiro existe muito mais do que o DNA ofensivo. Lá são formados também bons defensores.

SÃO PAULO - A cena se repetiu mais de uma vez na campanha do São Paulo no título da Copa Libertadores Sub-20 no ano passado: David Neres deslocava o ombro direito e o recolocava no lugar para continuar em campo. "Quando vou ter oportunidade de disputar uma Libertadores outra vez?"

A postura do jogador afastou qualquer dúvida em relação ao seu futuro no Morumbi. David Neres nem sempre foi um exemplo. O garoto teve problemas na escola que tinha parceria com o clube, em Cotia. A vontade, mais uma vez, foi determinante para continuar o caminho e se tornar uma promessa. "Fui expulso da escola e tive de ser retirado do alojamento de Cotia. Tive de estudar perto de casa e vir treinar todos os dias, demonstrando o meu comprometimento".

Aos 19 anos, o atacante, que está no São Paulo desde os 10, só não está integrado efetivamente ao elenco principal porque precisou passar por cirurgia no ombro direito no começo do ano e perdeu um pouco de espaço na transição da base para o profissional.

Em campo, David Neres, que é fã do argentino Messi e do holandês Robben, busca imitar o estilo dos ídolos, sempre conduzindo a bola junto ao pé com velocidade, cortando para o meio e finalizando.




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