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Conversa produtiva

‘As Comadres’ estreia no Sesc Consolação e tem como tema questões da mulher

Miriam Gimenes
06/07/2019 | 07:05
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Divulgação


Germana ganhou um milhão de selos premiados e precisa de ajuda para colá-los. Para tanto, chama as amigas, com as quais, ao longo do dia, conversa sobre questões relacionadas às mulheres, entre elas a opressão, repressão e desvalorização, além dos desejos e frustrações da classe média.

Esse é o enredo do musical As Comadres, que acaba de estrear no Teatro Anchieta, do Sesc Consolação, em São Paulo, onde fica em cartaz até o fim do mês. O espetáculo traz a primeira direção de Ariane Mnouchkine fora do francês Théâtre du Soleil e reúne elenco de 20 atrizes brasileiras que se revezam nos papéis.

Em um primeiro momento, a ideia era montar a peça inspirada em Les Melle-soeurs, obra do dramaturgo canadense Michel Tremblay escrita em 1965 e considerada o primeiro drama quebequense, pelo fato de o texto utilizar o joual, dialeto da classe trabalhadora da cidade. Após virar um ícone e ser traduzido em mais de 25 idiomas, ele chega ao Brasil na versão musical do diretor francês René Richard Cyr.

Sendo assim, o projeto marca a confluência de uma dramaturgia canadense com encenação francesa e equipe brasileira. “A peça foi uma bomba política, no sentido positivo. Ela revolucionou o teatro e a situação das mulheres no Canadá. Tremblay escreveu um texto terrível e, no fundo, extremamente feminista’, analisa Ariane. Segundo ela, o musical conversa muito com a situação brasileira atual.

Isso porque são mulheres que poderiam estar no Canadá, em São Paulo ou no Rio. Trabalham, cuidam de seus filhos e marido, traem e são traídas, rezam. São amigas, cunhadas e vizinhas que, reunidas na cozinha, colando os selos, falam dos seus sonhos e dissabores, desejos e medos, anseios e frustrações.

“Diferentes atrizes atuam em diferentes personagens, guardando suas particularidades, sem qualquer tipo de hierarquização ou julgamento de valor. Ganham as atrizes que se multiplicam em cena, ganha o público que assiste a diversas versões de um mesmo espetáculo, ganha o teatro brasileiro que vê suas possibilidades ampliadas com a passagem de Ariane Mnouchkine pelos palcos do País”, diz a atriz, tradutora e uma das produtoras da montagem, Julia Carrera. “Ariane potencializa tudo isso porque o fazer teatral, para ela, é baseado na força do coletivo”, completa Fabianna de Mello e Souza, que esteve no Soleil por mais de uma década e também atua e produz o espetáculo.

As Comadres – Musical. No Teatro Anchieta – Sesc Consolação (Rua Doutor Vila Nova, 245). Até dia 28, de quarta à sábado, às 21h e, aos domingo, às 18h. Ingr.: R$12 a 40. À venda em sescsp.org.br ou em todas as unidades do Sesc.  




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