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Detroit respira otimismo
Sueli Osorio
Enviada a Detroit
13/01/2010 | 07:00
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Depois da tempestade, vem a esperança. Um ano após terem vivenciado um Salão do Automóvel esvaziado e em um clima de muita incerteza, permeado por protestos de trabalhadores da indústria automobilística, os norte-americanos abriram as portas do Cobo Center segunda-feira para jornalistas do mundo inteiro com a certeza de que muitos valores precisam mudar para que esse mercado se recupere. Nas apresentações das montadoras à imprensa, sem o brilho e glamour de anos anteriores, o foco voltou-se para carros menores, que ofereçam menor consumo de combustível e menos emissões de poluentes.

Nas palavras de Jaime Ardila, presidente da General Motors do Brasil e Mercosul, em uma conversa informal com a reportagem durante a apresentação da Chevrolet, o salão está austero, mas elegante. "Não tem tanta festa. O foco está nos elétricos, híbridos", comentou.

O governo americano está acompanhando de perto as novidades das montadoras. Em visita ao Cobo Center, a porta-voz da Casa Branca, Nancy Pelosi, afirmou à imprensa que o que viu foi "vibrante e otimista" e demonstra que a indústria automobilística está no caminho da recuperação.

Em entrevista a jornalistas brasileiros, Bob Lutz, vice-presidente de desenvolvimento global de produtos da General Motors, afirmou que a economia americana parece estar melhorando após um ano muito difícil de reestruturação. "O salão de 2010 reflete a renovação e reestruturação da indústria automobilística americana."

Lutz também alfinetou a Casa Branca ao falar sobre a visita de representantes do governo norte-americano ao salão. "As pessoas me perguntam se não estou nervoso, apreensivo com a presença deles. Eu digo que não. Ao contrário, porque até a crise, ninguém do governo vinha aqui ou ligava para o que acontecia com a indústria automobilística americana. Não queriam saber se estávamos vivos ou mortos. Eles não compravam carros americanos. Compravam modelos alemães ou japoneses. Agora também são donos da empresa e é bom que se preocupem."

No domingo à noite, durante um evento realizado no GM Renaissance Center, em Detroit, a Chevrolet mostrou aos jornalistas o Spark, o Cruze e o Agile. A apresentação do hatch desenvolvido no Brasil e produzido em Rosário, na Argentina, demonstra a importância que a unidade brasileira tem hoje para a companhia. Afinal, o Brasil é o segundo maior mercado da Chevrolet no mundo e o terceiro da General Motors como um todo. O Agile não está no Cobo Center, onde é realizada a feira, pois não será comercializado no mercado norte-americano. "As pessoas aqui gostaram do design e do espaço interno, mas o modelo não atende a toda a legislação local, como no que se refere à segurança dos pedestres", explicou Ardila.

O presidente da GM comemorou os bons resultados de venda do modelo no Brasil e afirmou que, em abril, a capacidade de produção do hatch vai aumentar em 20%. Ele também disse que, embora algumas pessoas pensassem que o Agile canibalizaria o Corsa, ambos estão muito bem em vendas. "Em dezembro do ano passado, comercializamos 11 mil unidades de Agile e Corsa."

FORD - Em jantar anteontem à noite na gelada Detroit, em que executivos da Ford receberam jornalistas do Brasil, Argentina e Venezuela, o presidente da Ford Brasil e Mercosul, Marcos de Oliveira, afirmou que 2010 deverá ser um ano positivo para o Brasil, onde a marca fará nove ações de produtos no período, abrangendo automóveis e caminhões. Entre elas estão o motor 2.0 Flex para o Focus, que chega em fevereiro, o facelift do EcoSport e o novo Fiesta. Para a Argentina, prometeu que haverá seis lançamentos importantes.

O presidente da Ford para as Américas, Mark Fields, afirmou que as operações da América do Sul são as mais lucrativas da empresa e anunciou que a nova família de motores Sigma, cuja produção está começando na fábrica de Taubaté (SP), além de atender ao Brasil e à América do Sul, será exportada para a América do Norte para equipar a nova geração do Ford Fiesta, na versão 1.6 L I-4. O motor a gasolina que vai equipar o Fiesta 2011 na América do Norte desenvolve 120 cv de potência.

CHRYSLER - O CEO da Chrysler, Sergio Marchionne, simplesmente cancelou a entrevista coletiva à imprensa, deixando em maus lençóis seu porta-voz, que teve de lidar com a frustração e indignação dos jornalistas. Segundo ele, surgiu um outro compromisso de última hora, o que os obrigou a fazer uma revisão da agenda. A montadora não apresentou novos produtos.

(jornalista viajou a convite da Anfavea)




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