A proximidade das eleições desperta em boa parte dos políticos uma incontinente vontade de colocar em prática série de ações que em outros períodos ficaram inertes. Surge um desejo incontrolável de desengavetar planos e promessas antigas que pareciam até já ter sido esquecidas, mas que renascem com força descomunal.

Projetos que acendem o sinal de alerta nos eleitores mais antenados, que começam a pensar quais seriam as verdadeiras intenções de tamanho interesse por problemas latentes. Contratempos que durante longo tempo não mereceram atenção, mas que agora, com a proximidade da campanha, são resgatados, combatidos e até solucionados.

Tal situação é capaz até de despertar nos munícipes o desejo de que o calendário eleitoral tivesse votações todos os anos. Isso certamente faria com que a atenção da classe política estivesse sempre voltada às realizações e o trabalho seria indubitavelmente impulsionado.

Em Mauá, chama atenção os recentes afagos do Paço aos servidores. Hoje, este Diário noticia a intenção de conceder aumento de 75% para os procuradores municipais, de forma que um funcionário em início de carreira, que ganha R$ 4.573,33, passaria a receber R$ 8.035,56. E os que estão no topo da profissão evoluiriam de R$ 8.346,52 para R$ 14.665,29.

A justificativa é que a Constituição proíbe diferença salarial entre procuradores do Executivo e do Legislativo e aqueles que servem o município hoje faturam quase a metade dos colegas que atuam na casa de leis.

Na semana anterior, o prefeito protocolou projeto que prevê a contratação de 415 trabalhadores para a área da saúde. Seleção feita sem concurso público, em caráter emergencial, para suprir necessidades dos cidadãos mauaenses.

As intenções são boas nos dois casos. Os moradores precisam de atendimento médico de qualidade e os procuradores, com vencimentos defasados, certamente merecem a atualização. Resta saber se tais projetos viriam à tona em outra época.