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Mudança de legenda já atinge 62 deputados federais
Do Diário do Grande ABC
03/07/1999 | 15:34
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O eleitor mais atento é testemunha de um fenômeno político bem típico no País: o movimentado troca-troca de partidos protagonizado por políticos. Em meio às discussoes sobre a reforma política, que institui a fidelidade partidária, 62 dos 513 deputados federais já abandonaram o partido pelo qual foram eleitos em 1998, segundo um estudo do cientista político Jairo Marconi Nicolau, do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj), que traz uma radiografia do troca-troca das últimas eleiçoes e um panorama do atual mandato com base em dados da Câmara.

De acordo com um levantamento feito de 1987 a 1998, a média anual dos parlamentares que deixaram seus partidos ficou em 30,9% nas três últimas legislaturas. O estudo aponta que no mandato 1995-1998 o número de mudanças em relaçao ao partido de origem da eleiçao ficou um pouco abaixo comparando-se aos anos anteriores: 25,9%, 133 dos 513 parlamentares.

"A reduçao é um fato, mas ela é lenta e as trocas sao ainda consideradas expressivas", disse Nicolau. "De cada quatro deputados, um abandonou seu partido."

De 1987 a 1991, o porcentual ficou em 34,7% (169 das 487 cadeiras) e, de 1991 a 1995, o número caiu para 32,2% (162 das 503 cadeiras).

Exagero - Segundo ele, o parlamentar muda, em média, uma vez de partido durante a legislatura. "É raro registrar um caso exagerado como o deputado Joao Mendes (RJ) que, em 20 dias, em fevereiro, saiu do PPB, foi para o PMDB, voltou para o PPB e depois fez o caminho novamente em direçao ao PMDB." Ele citou ainda o caso de um parlamentar, eleito para a legislatura 1991-1995, que trocou sete vezes de legenda nos quatro anos de seu mandato.

Segundo ele, por conta das eleiçoes municipais de 2000, setembro deverá ser uma época de transferência de legenda. "Uma parte dos políticos aproveita para posicionar-se melhor para a competiçao", avalia. "E o que a gente pode verificar é que as trocas acontecem mais no baixo clero e na direçao dos partidos governistas." A temporada promete ser agitada por causa do prazo para as mudanças partidárias. De acordo com a legislaçao eleitoral, 3 de outubro é a data final das filiaçoes para quem quer candidatar-se nas eleiçoes municipais de 2000.

Só na lista do PDT, partido do governador do Rio, Anthony Garotinho, figuram pelo menos oito parlamentares, ex-prefeitos e políticos do interior interessados em ingressar no partido que comanda o Estado. Na relaçao, estao políticos que deixaram o PSDB, passaram pelo PPB ou pelo PMDB.

Obvio - O movimento em direçao ao partido que governa o Rio é uma situaçao que, se for transportada para o plano nacional, indica o óbvio: a busca por espaço político e pela distribuiçao de cargos. "O fenômeno ganha grande proporçao nao só em época eleitoral, mas também no início das legislaturas", afirmou Nicolau. "O exemplo mais claro é que mais de 10% dos deputados federais do atual mandato abandonaram o partido pelo qual foram eleitos em menos de seis meses."




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