Virtual candidato ao Palácio do Planalto pelo PSDB, o senador mineiro e presidente nacional do partido, Aécio Neves, esteve na Capital ontem para pavimentar seus planos em 2014 e espantar o fantasma das prévias com o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB).

O dirigente se reuniu com a bancada dos deputados estaduais do partido e conseguiu a simpatia da maioria pela candidatura no ano que vem – entre os 22 parlamentares tucanos paulistas, 18 estiveram no almoço. O apoio é essencial para enfraquecer o antigo comandante do Estado e que tenta forçar a disputa interna.

Aécio tentou de todas as maneiras desmentir a crise interna ocasionada pela postura do colega. “Existe uma mística como se eu e o Serra fôssemos adversários. Existe mais convergência do que divergência”, afirmou o possível presidenciável.

O discurso considerado “plural” do senador durante o evento agradou os parlamentares – grande parte pediu a palavra para sinalizar apoio ao mineiro. “Ninguém colocou o carro na frente dos bois. Alguns foram mais abertos, mas a maioria foi comedida na linha de que a reunião foi de trabalho e nada para antecipar o processo”, desconversou o presidente estadual do PSDB, Duarte Nogueira.

O encontro do senador com os parlamentares estaduais ocorre no momento em que o ex-governador mostra fôlego para causar prévias para escolha do nome que representará o PSDB na disputa pela Presidência da República. “É legítimo que (o Serra) postule, tem credencial para isso. Não estou falando de candidatura”, ponderou Aécio.

Serra não se colocou oficialmente como candidato, o que dificulta as articulações. Comenta-se que o tucano aguarda definição das regras das prévias para decidir forçar a disputa interna ou deixa o PSDB. Os tucanos querem anunciar o candidato até outubro, portanto, o que exige decisão rápida do ex-governador paulista.

O secretário-geral do partido, deputado federal Mendes Thame (PSDB-SP), declarou que somente após a manifestação pública de Serra poderá cogitar a disputa interna. “Tenho uma missão imensa de organizar o partido no País. É um trabalho de louco. Não dá para ficar se preocupando em dar o dimensionamento, o contorno das prévias, se não sabemos se há dois candidatos”, alegou.

Alberto Goldman (PSDB), ex-governador de São Paulo, também cobrou postura mais efusiva do correligionário. “Você precisa ter alguém colocado, se você não tem, não é preciso fazer a regra (de prévias).”

Morando defende disputa interna e propõe reunião com ex-governador

Aliado do ex-governador José Serra, o deputado estadual Orlando Morando (PSDB-São Bernardo) esteve no almoço com o senador mineiro Aécio Neves e defendeu que a candidatura presidencial do partido seja definida por prévias.

Durante o discurso no almoço, o parlamentar sugeriu que a disputa interna precise ser igualitária para os postulantes ao direito de concorrer ao Palácio do Planalto. “Caso ocorram as prévias, falei que elas precisam ser justas”, reiterou o parlamentar.

Morando solicitou a Duarte Nogueira que a bancada de deputados também se reúna com Serra nos próximos dias. “O Orlando sugeriu (o almoço) e me coloco à disposição para fazer. A bancada vai discutir e podemos fazer. Vou ajudar a organizar como ajudei neste encontro”, disse o presidente estadual do PSDB.