Política Titulo Diadema
Lauro deixa para ele mesmo dívida maior do que Reali

Prefeito de Diadema encerra primeiro mandato com R$ 89 mi em restos a pagar; em 2013, herdou R$ 48 mi do petista

Junior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
24/01/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), deixou para quitar em sua segunda gestão montante de restos a pagar maior do que herdou do ex-prefeito Mário Reali (PT), em 2013, e que o motivou a denunciar o petista no Ministério Público. O verde fechou 2016, seu último ano do primeiro governo, com R$ 89, 6 milhões em dívidas, quase o dobro do passivo deixado pelo antecessor, de R$ 48,8 milhões, em contas a acertar com fornecedores.

A herança de Reali, inclusive, foi amplamente criticada por Lauro durante o início do primeiro mandato. Na época, o então prefeito recém-empossado acusou o petista de descumprir a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que veda a transferência de dívidas aos sucessores sem que haja dinheiro em caixa para quitá-las. Lauro chegou a afirmar que Reali deveria ser proibido de “prefeitar” a cidade por conta da situação financeira que entregou a Prefeitura. O rombo apontado pelo atual prefeito ainda é investigado pelo MP e não há previsão de desfecho.

Em comparação com os outros restos a pagar de 2016 em outras cidades do Grande ABC, as despesas não pagas pelo governo Lauro ocupam a terceira colocação num ranking hipotético. O montante é menor apenas que o de Santo André, onde Paulo Serra (PSDB) herdou R$ 312 milhões de Carlos Grana (PT), e de São Bernardo, onde o ex-prefeito Luiz Marinho (PT) deixou R$ 200 milhões para serem pagos pela gestão Orlando Morando (PSDB). Diferentemente dos dois tucanos, Lauro já estava na chefia do Paço e, teoricamente, tinha conhecimento da saúde financeira da administração quando foi reeleito no segundo turno do pleito, no dia 30 de outubro.

Reali evitou atacar o sucessor por ter deixado restos a pagar para si próprio maiores do que recebeu, mas avaliou que os ataques de Lauro à época tentavam “justificar sua incapacidade”. “Agora ele vai ter que dizer que ele mesmo deixou essa dívida. Fechou o primeiro mandato com uma passivo muito maior do que recebeu do meu governo. Até hoje ele não comprovou nada do que disse naquela época.”

Lauro também fechou o exercício de 2015 no vermelho. Balanço financeiro divulgado pelo próprio chefe do Executivo revelava deficit de R$ 70 milhões naquele ano. O governo do verde atribuiu o rombo à crise econômica que reduziu a arrecadação de Estados e municípios, sobretudo na queda de repasse do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e no recuo do recolhimento de ISS (Imposto Sobre Serviços). Para cobrir o deficit, a gestão anunciou que adotaria medidas de austeridade, como corte de secretarias. Chegou a deixar o primo Marcos Michels (PSB), então secretário de Educação e atual presidente da Câmara, como responsável interino da chefia de Gabinete recebendo apenas um salário de secretário (R$ 10.533 por mês). Nesta segunda gestão, porém, entregou o posto ao vice-prefeito Márcio da Farmácia (PV).

A quantia de restos a pagar deixados por Lauro para este ano equivale a 7% do Orçamento previsto para o exercício de 2017, receita estimada em R$ 1,2 bilhão. Ao contrário do que fez no primeiro ano de governo, Lauro não anunciou contingenciamento da peça orçamentária.  




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