Montadora ameaçou ir embora em janeiro, mas negociou benefícios
Após a GM (General Motors) anunciar a possibilidade de fechar suas fábricas no
País, a montadora norte-americana começou intensa negociação envolvendo a flexibilização dos direitos dos trabalhadores e o aumento de incentivos fiscais junto ao poder público. O resultado foi o anúncio do investimento de R$ 10 bilhões nas fábricas de São Caetano e São José dos Campos entre 2020 e 2024 na contrapartida de obter benefícios municipais e estaduais.
O Estado criou o IncentivAuto, que vai conceder até 25% de desconto no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) mediante investimento das montadoras de, no mínimo, R$ 1 bilhão, somado à geração de pelo menos 400 empregos. A cidade, abatimentos no ISS (Imposto Sobre Serviços), no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e na conta de água em troca de aumento de produção e geração de emprego.
Ontem, porém, em entrevista ao Uol, o presidente da GM, Carlos Zarlenga, afirmou que a alta carga tributária e os gastos com processos trabalhistas dificultam a competitividade nas exportações e não hesitou ao afirmar que, se a situação não mudar, a montadora pode sair do País. “A carga tributária no Brasil é totalmente absurda. Estou exportando 20% de impostos e claro que o cliente chileno não vai pagar os impostos brasileiros, até porque ele não se beneficia dos bens e serviços do Estado brasileiro”, assinalou ao site.
Ele também disse que 98% dos processos do mundo estão no Brasil. “O custo é altíssimo. Olha a loucura. Nós temos capacidade instalada de Mercosul, além do Brasil, para fazer 5 milhões de carros e não conseguimos exportar para ninguém. Que indústria no mundo tem essa capacidade e não exporta? Não exportamos por melhorias que têm que ser feitas no custo trabalhista, na parte impositiva e na parte logística”, completou.
Para o executivo, os altos custos produtivos fazem com que o País não tenha competitividade para concorrer com outros mercados mais preparados. “Não controlo os processos trabalhistas, cargas tributárias, carga impositiva sobre o total da empresa. Não controlo o custo da energia, a ineficiência logística. Não estamos contra a redução da tarifa externa comum, mas quero ver os planos de redução do ‘custo Brasil’, que estejam entrelaçados com isso.”
“Se ocorrer a abertura (e nada mudar), o que vamos fazer? Simples. Somos uma multinacional. Se não houver mudanças, levamos os investimentos do Brasil para outras fontes e vamos atender o mercado brasileiro do México, China ou Coreia, sem nenhum problema.”
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