Economia Titulo Entrevista ao Uol
Mesmo depois de obter incentivos fiscais, GM não descarta sair do País

Montadora ameaçou ir embora em janeiro, mas negociou benefícios

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
17/12/2019 | 07:22
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Claudinei Plaza/DGABC


Após a GM (General Motors) anunciar a possibilidade de fechar suas fábricas no
País, a montadora norte-americana começou intensa negociação envolvendo a flexibilização dos direitos dos trabalhadores e o aumento de incentivos fiscais junto ao poder público. O resultado foi o anúncio do investimento de R$ 10 bilhões nas fábricas de São Caetano e São José dos Campos entre 2020 e 2024 na contrapartida de obter benefícios municipais e estaduais.

O Estado criou o IncentivAuto, que vai conceder até 25% de desconto no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) mediante investimento das montadoras de, no mínimo, R$ 1 bilhão, somado à geração de pelo menos 400 empregos. A cidade, abatimentos no ISS (Imposto Sobre Serviços), no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e na conta de água em troca de aumento de produção e geração de emprego.

Ontem, porém, em entrevista ao Uol, o presidente da GM, Carlos Zarlenga, afirmou que a alta carga tributária e os gastos com processos trabalhistas dificultam a competitividade nas exportações e não hesitou ao afirmar que, se a situação não mudar, a montadora pode sair do País. “A carga tributária no Brasil é totalmente absurda. Estou exportando 20% de impostos e claro que o cliente chileno não vai pagar os impostos brasileiros, até porque ele não se beneficia dos bens e serviços do Estado brasileiro”, assinalou ao site.

Ele também disse que 98% dos processos do mundo estão no Brasil. “O custo é altíssimo. Olha a loucura. Nós temos capacidade instalada de Mercosul, além do Brasil, para fazer 5 milhões de carros e não conseguimos exportar para ninguém. Que indústria no mundo tem essa capacidade e não exporta? Não exportamos por melhorias que têm que ser feitas no custo trabalhista, na parte impositiva e na parte logística”, completou.

Para o executivo, os altos custos produtivos fazem com que o País não tenha competitividade para concorrer com outros mercados mais preparados. “Não controlo os processos trabalhistas, cargas tributárias, carga impositiva sobre o total da empresa. Não controlo o custo da energia, a ineficiência logística. Não estamos contra a redução da tarifa externa comum, mas quero ver os planos de redução do ‘custo Brasil’, que estejam entrelaçados com isso.”

“Se ocorrer a abertura (e nada mudar), o que vamos fazer? Simples. Somos uma multinacional. Se não houver mudanças, levamos os investimentos do Brasil para outras fontes e vamos atender o mercado brasileiro do México, China ou Coreia, sem nenhum problema.”
 




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