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FGTS deve ser usado para liquidar dívidas

Especialistas são categóricos quanto à orientação sobre recursos que começaram a ser pagos ontem

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
14/09/2019 | 07:19
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Divulgação


Quem optou por receber os recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) por meio do saque imediato, que começou a ser liberado ontem, deve pensar bem no uso que fará dos recursos, orientam especialistas. Eles são categóricos ao afirmar que a melhor forma de aplicá-los é pagando dívidas, uma vez que, segundo dados da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), 62,4% das famílias brasileiras estão endividadas, maior patamar desde setembro de 2015.

Cada trabalhador tem direito a receber até R$ 500 por conta do FGTS, conforme o montante disponível. Portanto, supondo que o trabalhador tenha uma ativa e uma inativa, ambas com saldo acima de R$ 500, este será o valor máximo disponível por conta, totalizando R$ 1.000. Se em uma delas, por exemplo, tiver saldo de R$ 150, e, na outra, de R$ 500, o montante liberado será de R$ 650.

“Antes de definir onde aplicar o dinheiro, é preciso analisar as dívidas pela taxa de juros de cada uma delas. Vale amortizar as últimas parcelas, a fim de reduzir o tempo do financiamento, ou quitar o cheque especial, por exemplo”, afirma o coordenador dos cursos de pós-graduação da Faculdade Fipecafi, Estevão Garcia de Oliveira Alexandre.

De acordo com pesquisa do Procon realizada no dia 9 com seis bancos, a tarifa média do empréstimo pessoal está em 6,21% ao mês, enquanto que, no cheque especial, 12,76% ao mês. “Neste caso, o ideal é priorizar a dívida mais cara, ou seja, do cheque especial”, assinala Alexandre.

Se o endividamento da família envolver, por exemplo, empréstimo pessoal, com taxa de 4% ao mês, o CDC de um carro, cuja taxa gira em torno de 2% ao mês, e financiamento imobiliário, com juros de 8% ao ano, a prioridade deveria ficar, neste caso, com o crédito pessoal, que custa mais caro.

O professor da Escola de Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Volney Gouveia lembra que a rentabilidade do FGTS neste ano passou de 3% ao ano mais TR (Taxa Referencial), hoje zerada, para 6,18% ao ano, depois que o governo ampliou o repasse do lucro do fundo de 50% para 100%. Sendo assim, o raciocínio que deve ser feito é que o dinheiro será mais bem utilizado ao reduzir qualquer dívida que cobre juros acima de 0,5% ao mês. “Se o custo do endividamento for maior do que o rendimento, não há o que pensar”, diz.

Caso o uso do FGTS seja direcionado para amortizar o crédito habitacional, e o trabalhador ficar em dúvida se deve sacar ou deixar na conta, Gouveia afirma que vale a pena acessar os recursos e diminuir o saldo devedor por conta própria, sem esperar o prazo de dois anos para fazê-lo com recursos do fundo, uma vez que, ao ser sacado, esse dinheiro vira um recurso pessoal e pode ser aplicado a qualquer momento.

Em relação a usar os recursos do FGTS para investir, os especialistas divergem. Alexandre afirma que qualquer aplicação é mais vantajosa, exceto a poupança, que hoje corrige valores em 70% da Selic (6% ao ano), o que dá 4,2% ao ano. “São interessantes títulos públicos, como os do Tesouro”, diz. Gouveia defende que, como geralmente as modalidades do Tesouro retêm o dinheiro por pelo menos dois anos para pagar 15% de Imposto de Renda, o ganho real, ao se descontar a taxa, mais a inflação do período, em torno de 4% ao ano, é pequeno, em torno de 0,5% apenas. “Acho que neste caso dá mais trabalho do que retorno, então, como o governo elevou a rentabilidade, o melhor é deixar o dinheiro no fundo, se não houver dívida para pagar.”


EXTRA

As agências da Caixa abrem hoje, das 9h às 15h. Na segunda e terça-feira, as unidades cujo horário de abertura é às 10h, iniciarão o atendimento às 8h, e as que abrem às 8h, postergarão o fechamento em duas horas.
 




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