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Pra lá de Paranapiacaba
Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
24/03/2010 | 07:05
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Desde o lançamento do Fiat Palio Adventure, apresentado em setembro de 1999, os veículos pseudoaventureiros - desenvolvidos para rodar no asfalto, mas com leve apelo off-road - caíram nas graças dos brasileiros. Desde então, o número de modelos desse tipo se proliferou em grande escala. E o último a aderir ao estilo on-off-road é a nova picape Saveiro Cross, que parte de R$ 41.840.

Mas para conhecer a fundo a nova aposta da Volkswagen, o Diário optou por fazer uma avaliação diferente: atravessar o Grande ABC, indo de Diadema até para lá de Paranapiacaba, com 280 kg de terra na caçamba e descobrir o quanto de aventureira tem a Saveiro com o sobrenome Cross.

PREPARAÇÃO
Antes de sair acelerando, conhecemos a intimidade do modelo. E logo de cara nenhuma novidade. A Volkswagen seguiu à risca a cartilha dos urbanos-pé-de-barro: apetrechos plásticos nas caixas de rodas e parachoques, frisos laterais mais chamativos, pneus de uso misto, suspensão levemente elevada e santantônio de alumínio com acabamento preto fosco que vai até a lateral da caçamba. Tudo para deixar a Saveiro mais parruda.

O acabamento interno é igual ao do novo CrossFox - até então único aventureiro do clã Volks. Destaque para o espaço atrás dos bancos - Saveiro Cross é oferecida só com cabine estendida.

Colocamos, então, a picape para rodar. Saímos do prédio do Diário, em Santo André, e fomos até uma casa de plantas em Diadema, onde colocamos sete sacos de terra de 40 kg cada - totalizando 280 kg (a capacidade do veículo é de 668 kg). Neste trajeto, a Saveiro comportou-se como hatch em termos de dirigibilidade - apesar de pegarmos poucos trechos de trânsito livre, já que a Avenida Lions, em São Bernardo, não é o local mais apropriado para acelerar às 9h.

GRANDE ABC ADENTRO...
Depois de carregar a picape, arrancamos rumo à Vila de Taquarussú, que fica depois de Paranapiacaba. Antes, porém, fizemos um pit stop no Parque do Paço, ainda em Diadema.

Saímos de lá e seguimos para a Via Anchieta. Na rodovia, o comportamento voltou a ser bom. Primeiramente, a 90 km/h, a Saveiro parecia vazia. Depois, para chegar aos 110 km/h - limite de velocidade - , o motor VHT 1.6 Total Flex, de 104 cv de potência a 5.250 rpm e torque de 15,6 mkgf a 2.500 rpm (álcool), não mostrou a agilidade esperada. Faltou um pouco de fôlego.

Caímos, então, para a Estrada Velha em direção à Casa de Pedra, um dos pontos turísticos mais belos do Grande ABC. No caminho, as curvas sinuosas colocaram à prova a dirigibilidade do veículo. Carregada, a picape ficou à mão mesmo quando abusamos mais do acelerador. A carroceria inclina apenas levemente graças ao excelente ajuste da suspensão RCS (Robust Cargo Suspension) e ao eixo traseiro de construção interdependente com braços longitudinais.

Após rápida parada no Parque Estoril, em São Bernardo, para algumas fotos, rumamos sentido Vila de Paranapiacaba. Passamos por Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, onde a cor da Saveiro Cross - laranja Atacama - conquistou olhares. Estacionada em churrascaria de beira de estrada - com excelente comida, diga-se de passagem - , todos perdiam um tempinho para observá-la. Alguns fingiam indiferença, mas buscavam a picape de rabo de olho.

Para chegarmos à vilinha com fortes traços culturais ingleses, desafiamos o espírito aventureiro da Saveiro Cross, encarando a estrada de terra recheada de cascalho, curvas desafiadoras e retas instigantes. E mais uma vez a picape compacta mostrou habilidade. Os pneus de uso misto tiveram bom desempenho, impedindo as escapadas de frente quando o pé direito exagerava na pressão. A traseira, mesmo com 280 kg de terra, dançou um pouco, mas nada fora do normal. Mas a prova de fogo ainda estava por vir: Vila de Taquarussú, aí vamos nós...


Desafio final: trecho de Paranapiacaba a Taquarussú

Atravessamos as ruas de paralelepípedo da Vila de Paranapiacaba e, em suas subidas íngremes, a Saveiro voltou a ficar sem fôlego. Não raramente pulávamos da terceira marcha para uma segundinha. Ponto positivo para a caixa de transmissão MQ 200 de cinco velocidades, com engates fáceis e precisos. A embreagem também é macia, apesar de ligeiramente alta.

Partimos para o trecho final de nossa aventura de mais de oito horas e pouco mais de 150 quilômetros rodados: Vila de Taquarussú.

Na acidentada estradinha, novamente trabalhamos em segunda e terceira marchas. Raramente engatávamos quarta - algumas vezes a primeira. Mas o que chamou a atenção, mais uma vez, foi a suspensão, que encarou os buracos com maestria. Até mesmo em facões leves a Saveiro Cross foi valente.

Paramos, então, em frente à capela de Taquarussú. Cansados de dirigir, ainda tivemos fôlego para descarregar os sacos. E, antes que fuja da memória, um último elogio à tampa da caçamba, que traz prático amortecimento com mola a gás.

Missão cumprida? Não! Ainda tínhamos longo caminho de volta até Santo André, onde fica o prédio do Diário.




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