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Economistas estao otimistas com país
Julio Brant
Do InvestShop.com
28/10/2000 | 18:07
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O crescimento da economia brasileira previsto para o ano de 2001, de acordo com os economistas consultados pelo InvestShop.com, só nao se consolidará se houver algum desastre no mercado internacional. Economistas do governo prevêem um nível de crescimento interno da ordem de 4% a 4,5% e os setores que mais se beneficiam com a expansao econômica sao telecomunicaçoes, siderúrgico, papel e celulose, varejo, construçao civil e energia.

Para Alexandre Póvoa, gestor de Renda Variável do ABN Amro Asset Management, para que as previsoes de crescimento da economia nacional sejam mantidas, é preciso contar com um cenário externo sem grandes turbulências. "Um agravamento da crise do petróleo ou uma desaceleraçao acentuada da economia mundial poderiam prejudicar esse crescimento", explica. "No entanto, nao trabalhamos com a probabilidade desse cenário", complementou.

Márcio Emery, diretor do Banco Alfa de Investimentos, acredita que o cenário de crescimento econômico para 2001 é factível. Mas, segundo ele, uma crise internacional nao pode ser descartada, principalmente por causa do petróleo. "É um cenário possível, mas nao provável."

O mercado trabalha com cenário de crescimento da economia mundial para 2000 de 2,8% e, para 2001, de 3,5%. Já em relaçao à economia interna, o governo estima que o crescimento ficará entre 4% e 4,5%. Entretanto, o mercado é um pouco menos otimista e prevê algo em torno de 3,8% e 4,2%. "Se depender do Brasil, essa meta vai ser cumprida", avaliou Póvoa.

Leia a seguir as expectativas dos especialistas sobre cada um daqueles segmentos:

Varejo - Com a tendência de queda nas taxas de juros, o aumento das vendas, principalmente de bens de consumo duráveis, mais ligados ao crédito, é algo dado como certo pelos especialistas. É provável que nao haja um estouro de vendas, mas que o consumo se mantenha em um patamar alto. Já os bens nao-duráveis, como alimentos, só terao crescimento considerável se houver aumento na base de consumo. "Isso só acontecerá se houver um processo de redistribuiçao de renda, em que aumente o número de consumidores na base da pirâmide econômica", explicou Póvoa.

Emery complementa alertando para outro fator que poderá impulsionar o setor no ano de 2001. "Há uma alta demanda reprimida por conta da época de juros altíssimos e por causa das sucessivas crises sofridas pelo país nesses últimos quatro anos", afirmou.

Telecomunicaçoes - Os investimentos neste setor para o ano de 2001 serao altos. O leilao das bandas C, D e E de telefonia celular aumentará a competiçao e forçará as empresas já existentes a investirem ainda mais. Além disso, muitas fusoes devem acontecer no setor de telefonia celular neste próximo ano. O setor de telefonia fixa começará a se preparar mais fortemente para a abertura do mercado, que acontecerá a partir de 2002, com investimentos altos em tecnologia para tentar ganhar o máximo de mercado possível. "Os investimentos esperados tanto na telefonia fixa, quanto na celular sao de volume expressivo. Isso sempre anima o mercado e impulsiona o crescimento do País", analisou Marcio Emery.

Energia - De acordo com Mônica Araújo, analista de Oleo e Gás da Bes Securities, o grande destaque de 2001 serao os movimentos da Petrobrás com objetivo de aumentar a produçao e reduzir custos para aumentar a competitividade no mercado internacional. "As parcerias que a empresa está fechando com gigantes do setor serao muito benéficas", afirmou.

Mônica explicou que os leiloes de exploraçao feitos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) ainda nao surtirao efeitos em 2001. "Isso é algo para 2004 ou 2005", destacou. A analista atenta para o crescente interesse das grandes empresas mundiais para o leilao. "Enquanto o preço do petróleo estiver alto, as empresas virao. Isso é muito bom para o mercado interno."

Eletricidade - Segundo André Cegadilha, analista do setor elétrico do Banco Brascan, o consumo de energia é crescente, principalmente por conta do aumento da produçao industrial. "O próximo ano é o da consolidaçao dos bons resultados deste ano", disse. Cegadilha afirmou que a única coisa que pode mudar as previsoes é o processo de desaceleraçao da economia norte-americana. "Se for acentuada pode afetar a produçao e, com isso, o consumo", alertou.

Com relaçao às privatizaçoes previstas para o próximo ano, a de Furnas é a mais importante. "Mas há ainda Chesf e Copel. Isso pode fazer com que novas empresas, fora os governos, entrem e incentivem os investimentos", explicou. "E isso deve ocorrer."

Siderurgia - "Esse setor reflete muito bem a situaçao da economia; quanto tudo vai bem, ele é um dos primeiros a melhorar", disse Póvoa. Com a tendência de crescimento do consumo de bens-duráveis, o setor deve ter boa recuperaçao. Como a economia interna estará em melhor situaçao que a externa, as empresas exportadoras saem perdendo. "Ganham as que sao fornecedoras para a indústria nacional", explicou.

Papel e celulose - Mesmo com o mercado externo nao ajudando muito, o mercado nacional será o grande suporte dessa indústria. "A demanda é crescente e continuará assim em 2001, o que anima muito os empresários desse setor", comentou Póvoa.

Construçao civil - Por ser um outro setor muito ligado ao crédito, se beneficiará com a tendência de queda nas taxas de juros. Além disso, a demanda por obras de infra-estrutura e habitaçao ainda é muito grande. Em 2001, há uma expectativa de que os bancos entrem no mercado de financiamento imobiliário, o que certamente movimentará muito o setor. "Como vislumbramos um cenário mundial sem colapsos, acreditamos que o Banco Central pode continuar com a política de reduçao gradual dos juros", destacou Póvoa.




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