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Futuro terá aparelhos menores e integrados
Marcelo Mazuras
Da Redaçao
28/10/2000 | 17:19
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Prepare-se para incorporar esses termos ao seu vocabulário de sobrevivência tecnológica: Bluetooth, WAP e Epoc. Antes que você atire pela janela seus equipamentos eletroeletrônicos sem esses códigos, saiba que esses estranhos signos ainda pertencem ao futuro e a maioria de suas utilizaçoes ainda está na prancheta. Mas serao com eles que a indústria espera chegar ao seu bolso.

Em linhas gerais, a indústria eletroeletrônica prepara seus novos equipamentos seguindo duas grandes tendências: a portabilidade e a integraçao entre diferentes aparelhos. A necessidade de ter acesso à internet sem depender de pontos fixos e o comando simultâneo de diversos equipamentos justificam as tendências.

"O celular hoje atende ao ouvido e à boca, mas precisará atender aos olhos cada vez mais", resume Carlos Paiva Lopes, diretor de Tecnologia da Associaçao Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee). Os celulares vao deixar para muito longe sua funçao de simples telefones para se tornar autênticas estaçoes móveis.

"Existem protótipos de equipamentos celulares capazes de controlar a temperatura de sua geladeira, além de identificar o que está faltando nela e ordenar a compra no supermercado", cita José Antonio Martino, livre-docente da cadeira de Eletrônica da Universidade de Sao Paulo (USP) e chefe do Departamento de Eletrônica da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), de Sao Bernardo. Falta apenas saber a data da chegada desse mundo de desenho animado.

"Uma das principais preocupaçoes dos Estados Unidos, por exemplo, é evitar que a adoçao de um novo sistema acabe com o anterior", afirma Edson Veiga, professor da FEI e um dos introdutores do sistema Pal-M no Brasil, no fim dos anos 60. "Até hoje sao vendidos dois milhoes de televisores preto-e-branco nos EUA", disse. Essa compatibilidade entre equipamentos é rompida em casos como a adoçao do sistema HDTV (TV em Alta Definiçao, com 1.250 linhas, ante as atuais 525, de definiçao). "O HDTV começou em 1998 no EUA, mas ainda nao decolou. O sistema é caro e restrito a um grupo muito específico de consumidores, os aficionados por telas gigantes", lembra Veiga, que também foi executivo da indústria, tendo ocupado a vice-presidência da Gradiente.

O engenheiro eletrônico Daniel Ricardi, consultor de informática da Empresa Júnior da FEI, é mais radical. "Tudo que for analógico ou sem conexao com a internet vai para a lata do lixo", decreta. No caso, fitas cassete, videocassetes e celulares sem sistema WAP estao condenados. "No caso dos analógicos, a questao é de qualidade de imagem e som; pela conexao, ninguém fará muita coisa sem a internet", resume. Outra questao é a atualizaçao de equipamentos. "Se você compra um DVD acaba achando a sua TV muito ruim para tanta qualidade de reproduçao", afirma.

O limite para todas essas criaçoes nao é tecnológico, mas humano. "É possível diminuir esses aparelhos de forma absurda; o problema é que os dedos nao diminuem, no caso de teclados", recorda Marino.

O apetite por novidades depende das aplicaçoes destinados aos equipamentos e traços da personalidade do consumidor. "O brasileiro é ávido por esse tipo de novidade e responde bem aos lançamentos", lembra Paiva Lopes. Os preços, como em qualquer lançamento, vao ser muito seletivos. "Basta lembrar que um aparelho celular chegou a custar US$ 2,5 mil no lançamento no Brasil, em 1994", lembra Ricardi. A partir do momento em que popularize uma tecnologia, ela se torna mais acessível.

As pesquisas de desenvolvimento desses produtos sao quase todas no exterior, mas os softwares (programas de comando) sao produzidos no país. "A diferença entre um lançamento nos EUA e Europa para o Brasil vem se estreitando e hoje nao passa de seis meses", conclui.

Em tempo: bluetooth é uma tecnologia capaz de eliminar fios e cabos para a conexao de aparelhos portáteis; Epoc é um sistema operacional comum a todos os aparelhos móveis e WAP é um protocolo universal para aparelhos sem fio se ligarem à internet.

Um exemplo desses protótipos é o aparelho desenvolvido pela Ericsson, ainda sem prazo para início de comercializaçao. Trata-se de escritório de bolso: revestido em couro e alumínio, o aparelho dobrável inclui celular, tela touch colorida, câmera de vídeo, GPS, teclado retrátil e uma caneta inteligente.




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