Os inquilinos que têm contrato de aluguel com aniversário em outubro podem comemorar. Há um ano que o principal indicador de reajuste de locação imobiliária não fica tão baixo. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, o Índice Geral de Preços - Mercado, acumulou alta de 7,46% em 12 meses encerrados no fim de setembro.

Portanto, se um locador pagava R$ 800 mensais pelo apartamento, e seu contrato é atrelado ao IGP-M e vence no próximo mês, a parcela se elevará para R$ 859. Para calcular o acréscimo, basta multiplicar o valor do aluguel pelo número 0,0746. E, para chegar ao novo valor total da parcela, é necessário multiplicar o preço da mensalidade por 1,0746.

Desde agosto do ano passado que a taxa acumulada em 12 meses do IGP-M, de 6,99%, não era tão baixa.

E quem sofreu mais foram os inquilinos cujos contratos venceram em fevereiro, pois o indicador de janeiro atingiu 11,50%, percentual que deixou os aluguéis, seguindo o mesmo exemplo, de R$ 800 em R$ 892. Esse resultado ficou bem acima da inflação oficial de 2010, apontada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo de 5,91%.

O gerente do departamento de economia e estatística do Sindicato da Habitação, Roberto Akazawa, destacou que cerca de 90% dos contratos têm o IGP-M como índice de atualização.

ANÁLISE - A desaceleração do indicador, tendo em vista que o IGP-M de agosto foi de 8%, é boa tanto para proprietário, que terá aumento na renda acima da inflação, quanto para o inquilino, que dificilmente encontrará oferta melhor no mercado, disse o delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis, Alvarino Lemes.

Mesmo assim, antes de negociar o contrato com base no reajuste com o IGP-M, é interessante que o locador pesquise os preços de aluguéis de imóveis parecidos, orientou o especialista Ricardo Almeida, da consultoria de empresas imobiliárias Consult Imóveis.

"Uma simples consulta em site de imóveis basta. Se você encontrar cerca de 30 ofertas em relação ao que paga pelo apartamento, com características parecidas, pode ser interessante pensar em se mudar. Mas se aparecer apenas uma, talvez seja melhor assumir o IGP-M", explicou Almeida.

O especialista acredita, entretanto, que é quase impossível que um inquilino de imóvel com dois dormitórios encontre melhor oferta do que assumir o reajuste do IGP-M. "Isso porque a demanda por esse modelo de apartamento é enorme, o que eleva o valor de mercado dessas unidades. Nos últimos 15 anos, a maioria da produção era de imóveis de três e quatro dormitórios."

EM SETEMBRO - No mês, o IGP-M subiu 0,65% contra variação positiva de 0,44% em agosto. Entre janeiro e setembro, o indicador dos aluguéis acumula expansão de 4,15%. O índice é composto por três variáveis, tendo em vista que aquela que mostra a inflação ao produtor, ou seja, para o mercado, teve maior contribuição no avanço do mês.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo, que contribui em 60% com o IGP-M, subiu 0,74%, contra incremento de 0,57% do mês passado. A maior pressão do grupo veio das matérias-primas brutas, que encareceram 2,04%.

CONSUMIDOR - O Índice de Preços ao Consumidor, segundo grupo mais pesado no IGP-M com participação de 30%, inflacionou 0,59%. Os vestuários ficaram, em média, 1,36% mais caros do que em agosto e representaram a maior alta do grupo de produtos e serviços às famílias.

Dentro do IPC, os alimentos subiram 0,95%, e os custos de saúde e cuidados pessoais tiveram alta de 0,60%. A habitação variou 0,47% para cima, e os grupos educação, transportes e despesas diversas tiveram inflação igual em 0,19%.

O último grupo do IGP-M, o Índice Nacional do Custo da Construção, que contribui com 10% do indicador, subiu 0,14%.