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Cenário pede cautela ao lidar com finanças

Segundo especialistas, primeiro passo é saber a quantia disponível e quais contas são prioridade

Flávia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
28/03/2020 | 23:30
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Em meio ao isolamento social e decretos que impõem fechamento de estabelecimentos e suspensão de diversas atividades como prevenção ao avanço do novo coronavírus, saber cuidar das finanças é essencial. Especialistas destacam que o momento requer cautela e responsabilidade. Assim, o primeiro passo é cortar gastos supérfluos, ter ciência da quantia de dinheiro disponível e tomar nota de todos os gastos essenciais.

“Antes de qualquer ação é preciso uma faxina financeira, é fundamental que tenha total domínio de seus números neste momento. Portanto, se deve saber todos os gastos mensais, minuciosamente, desde cafezinho até parcela da casa própria, nada deve passar despercebido, inclusive dívidas e parcelamentos”, orienta Reinaldo Domingos, presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros) e da DSOP Educação Financeira.

Após análise, dica é negociar antes de ficar no negativo. “Vale conversar com o locador a respeito do aluguel do imóvel e, no caso dos comércios, tentar antecipar o caixa de recebíveis e renegociar prazos e taxas com os fornecedores”, explica Marcelo Cambria, professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras). “Primeiro busque ajuda com os parceiros e, depois, recorra a outras ferramentas”, completa.

José Carlos Garé, gestor da escola de gestão e negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e delegado do Conselho Regional de Economia na região, lembra que os comerciantes devem pensar em dois aspectos: como preservar os empregos pelo maior tempo possível e saber quais contas comprometem o funcionamento do negócio. “O pagamento de impostos ou de empréstimo em bancos permite renegociação posteriormente”, exemplifica.

Se a conta entre receitas e gastos não fechar, orientação é buscar crédito com as instituições financeiras. “O cheque especial é a última modalidade de crédito a ser usada, pois, como não requer nenhuma garantia para o banco, o risco (de inadimplência) é maior e, consequentemente, o juros também é maior (cerca de 7,33% ao mês, segundo a Anefac)”, esclarece Garé. “O ideal é calcular a quantia necessária e fazer um empréstimo (taxa média de 3,34% ao mês) com taxa e prazo fixo. O (cheque) especial fica como opção emergencial a curtíssimo prazo, ou seja, caso o pagamento seja em até uma semana”, adiciona.

Ainda que não seja possível estimar quanto tempo o isolamento social irá durar, os especialistas avaliam que, na pior das hipóteses, a situação deve normalizar em quatro meses. Assim, caso a pessoa – seja física ou jurídica – tenha reservas financeiras, vale calcular se a quantia é suficiente para este período. “(Em caso positivo) Utilize aos poucos e, se perceber que a situação complica, busque um empréstimo antes que o dinheiro acabe, deixando sempre uma reserva”, orienta o gestor da USCS.

Momento pode ser de oportunidades

Segundo Marcelo Cambria, professor da Fipecafi, o momento de quarentena é oportunidade para recorrer a outras atividades para manter a renda. “A pessoa pode oferecer algum serviço on-line ou vender produtos que sabe fazer via delivery”, sugere.

José Carlos Garé, gestor da escola de gestão e negócios da USCS e delegado do Conselho Regional de Economia na região, alerta que empreender neste momento requer calma. “Alguns negócios devem esperar, mas é oportunidade para inovar e vender serviços on-line, como aulas ou consultorias, com cuidado apenas com os produtos, já que é preciso pensar se a entrega é viável.”

Se mesmo com a conjuntura a pessoa disponha de recursos para investir, o ideal é buscar investimentos de renda fixa, a exemplo de Previdência Privada e títulos do Tesouro Direto. “Com taxas e prazos fixados, (o investidor) ganha, ainda que pouco”, explica Garé. Assumir riscos em investimentos de renda variável, como a bolsa de valores, é indicado apenas para quem já possui expertise sobre o assunto.

FIQUE EM ALERTA
Diariamente, o cenário está mudando e o governo federal divulga medidas visando minimizar os impactos na economia. Na sexta-feira, por exemplo, foi anunciado crédito para financiar dois meses da folha de pagamento de pequenas empresas. 




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