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Na quarentena, 36 mil perdem o emprego no comércio da região

Estimativa de sindicato do setor é que 30% das 120 mil pessoas foram demitidas devido à pandemia

Tauana Marin
Diário do Grande ABC
18/06/2020 | 23:37
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Divulgação


Após 90 dias, o comércio da região finalmente pôde reabrir as portas, no entanto, o cenário é bem diferente daquele de antes do isolamento físico causado pelo novo coronavírus. Estima-se que cerca de 36 mil do total de 120 mil trabalhadores do comércio da região foram demitidos durante esse período – uma redução de 30%. Além disso, o contingente que voltou ao batente é de 50%, outros 20% continuam com contratos suspensos, em férias ou banco de horas. A projeção é feita pelo diretor do Sindicato dos Comerciários do Grande ABC Jonas José dos Santos. “As demissões já haviam sido feitas logo após o decreto do comércio fechar. Sem lucro no caixa, muitos não puderam manter seus colaboradores. Com a retomada da economia esperamos que os 30% dos desempregados sejam recontratados, mas ao longo do tempo.”

Vale lembrar que tanto as suspensões de contratos quanto as reduções de jornada de trabalho e salário (equivalentes) foram ferramentas possíveis devido à MP (Medida Provisória) 936, que nesta semana foi prorrogada pelo Senado. “A medida vai continuar sendo utilizada, inclusive pelo setor do comércio, a fim de evitar mais dispensas”, analisa o dirigente sindical.

Importante e tradicional centro comercial da região, o calçadão da Rua Coronel Oliveira Lima, em Santo André, é exemplo dessas demissões. Diretor da SOL (Sociedade Oliveira Lima e Região), Djalma Lima afirma que dos 1.200 trabalhadores que atuavam antes da pandemia nas 54 lojas instaladas no corredor, 60% foram desligados, ou seja, 720 funcionários a menos. “Ao andar pelo calçadão já avistamos muitas lojas que não reabriram, que estão com placas de aluga-se. Infelizmente, alguns lojistas não conseguiram arcar com os funcionários e os aluguéis dos espaços por tanto tempo. É difícil a loja independente ter capital de giro tanto tempo sem faturar.”

Uma das lojas que fecharam nesse período foi a do Ponto Frio, já tradicional no calçadão. Questionada pela equipe de reportagem, a rede, por meio de nota, informou que “o fechamento já estava previsto antes da pandemia. Quanto aos colaboradores, afirma que “100% do quadro de colaboradores que trabalhavam em nossa unidade foram transferidos para outras lojas da rede”.

De acordo com o diretor da SOL, o quadro de funcionários vai continuar “enxuto” enquanto o setor não normalizar. “Nesses primeiros dias alcançamos índice de vendas por volta de 50% do que faturamos em meses anteriores ao isolamento. Mas acredito que até dezembro não chegaremos nos 100%”, avalia.

Para o coordenador de estudos do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo e professor de ciências econômicas Sandro Maskio, esse primeiro momento reflete uma demanda reprimida, o que não significa retomada. “Acredito que o setor sentirá um pouco mais, uma vez que nesse período a renda familiar foi impactada e o nível de desemprego cresceu. E não podemos esquecer que o lojista também é consumidor e que neste momento deve estar contendo qualquer tipo de gasto”, comenta.

Maskio explica que a recuperação econômica vai depender do nível de produção, geração de receita e de emprego e, consequentemente, o fluxo de renda. Em abril, no início do isolamento, pesquisa feita pelo próprio Observatório já havia constatado que 46% das famílias do Grande ABC tiveram a renda comprometida. Entre elas, 20% viram os ganhos caírem em pelo menos 50% até a primeira quinzena do período.  




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