Automóveis Titulo
Moto elétrica combate a surdez
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
25/11/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


Se a falta de barulho nas motocicletas elétricas vai desagradar alguns, pelo mesmo motivo vai deixar muitos aficionados pelas duas rodas contentes. Sem emitir o ronco de motor a combustão comum, o propulsor movido a eletricidade vai ajudar a reduzir, além das emissões, a poluição sonora.

"Quanto menos barulho melhor, principalmente para quem faz uso diário da moto", afirmou Reinado de Carvalho Bueno, presidente da Federação dos Motoclubes do Estado de São Paulo. "Muito dos nossos associados nos relatam casos de perda de audição em razão do barulho do trânsito caótico", disse Bueno, que também é dirigente do Motoclube Falcões, de Guarulhos.

Dirceu Rodrigues Alves, diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), afirmou que 26% dos moradores de São Paulo apresentam perdas de audição em função do barulho causado pelo trânsito. Profissionais que enfrentam congestionamentos, como motoboys, estão sujeitos a perdas auditivas se ficarem expostos a 85 decibéis durante oito horas por dia.

"Qualquer veículo que possa contribuir para reduzir esse quadro terrível, como as motos e as bicicletas elétricas, tem de ser incentivado", afirmou Alves. "É um benefício para a saúde dos usuários das motos e para quem está no trânsito também."

Se a baixa emissão de ruído faz bem à saúde, a questão da moto elétrica no que diz respeito à segurança no trânsito ainda é uma incógnita. A relação entre pedestre, motocliclista e motorista pode enfrentar problemas, justamente pela falta de ruído.

"A moto elétrica pode sofrer o mesmo problema que enfrenta a bicicleta, que por ser um veículo silencioso, às vezes não é percebida no trânsito, aumentando o risco de acidentes", afirmou André Horta, técnico do Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária).

Edgar Soares, revendedor Kasinski, avaliou que a moto elétrica, numa primeira etapa, não vai conviver com o trânsito pesado dos grandes centros urbanos. "Será um veículo para trajetos curtos, quase que limitados ao bairro ou ao condomínio do usuário em razão da baixa autonomia."

Quanto à falta de barulho,que pode não agradar quem gosta do ronco tradicional dos motores, o revendedor aposta na criatividade dos fabricantes. "Alguém vai acabar inventando um chip que reproduza o ruído dos motores", afirmou.

Para o presidente da Federação dos Motoclubes do Estado de São Paulo, a motocicleta elétrica vai atender a nichos de consumidores. "Haverá públicos distintos para os motores convencionais e elétricos. Quem gosta de ouvir o ronco do motor continuará comprando motos potentes", teorizou.

Veículo ainda desconhecido da maioria dos usuários de duas rodas, a moto elétrica tende a ganhar mercado pela possibilidade de proporcionar economia ao bolso do consumidor, além de ser veículo ambientalmente sustentável. A maioria das marcas que atuam no Brasil pretende oferecer pelo menos um modelo elétrico.

Uma delas é a Zero, representada pelo Grupo Izzo. Produzidas nos Estados Unidos, as motos da marca, assim como modelos da concorrência, são recarregáveis na tomada de casa ou do trabalho.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;