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PIB nacional inicia recuperação no terceiro trimestre

Apesar de índice representar crescimento de 7,7% em relação ao período anterior, a queda nos últimos 12 meses é de 3,4%

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
04/12/2020 | 00:03
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Claudinei Plaza/Indústria, setor presente na região, teve crescimento de 14,8%


Após duas quedas seguidas em 2020, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil inicia recuperação no terceiro trimestre. Na comparação com o segundo, o índice, que representa a soma de todas as riquezas produzidas no País, registrou crescimento expressivo de 7,7%. Porém, a economia ainda sente os efeitos da retração causada pela pandemia do novo coronavírus e, segundo especialistas, ainda é cedo para falar em uma reabilitação consolidada.

Em relação ao mesmo período de 2019, o PIB caiu 3,9%. No acumulado dos quatro trimestres terminados em setembro, houve queda de 3,4% em relação aos quatro anteriores. Os dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, em valores correntes, o PIB do terceiro trimestre deste ano totalizou R$ 1,891 trilhão.

De acordo com o coordenador de estudos do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, é importante frisar que o crescimento de 7,7% em julho, agosto e setembro, foi na comparação com abril, maio e junho, quando muitos setores ainda não tinham retornado totalmente com as atividades. “Pegou em cheio com o período em que a atividade econômica estava parada e foi neste terceiro trimestre que tudo começou a ser retomado”, disse.

Porém, para o especialista, apesar da retração de 3,4% nos últimos 12 meses ser significativa, o impacto é menor do que esperado. “Estamos falando de uma crise de saúde que afetou toda a economia mundial. Considerando o nosso histórico, em 1990, quando o Plano Collor afetou a liquidez, a queda foi de 4,1%. Com as política econômica equivocada do governo Dilma, em 2015, a queda foi 3,5%.”, disse.

O coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, afirmou que a recuperação existe, mas ela ainda está distante de uma retomada aos níveis anteriores à pandemia. “O crescimento não foi desprezível, mas a base é muito modesta. Nós crescemos 7,7%, mas anteriormente tínhamos caído 9,6%. Por isso é um exagero quando o ministro (da economia) Paulo Guedes fala em uma recuperação em V”, analisou ele, lembrando que a projeção do mercado era maior e vislumbrava um crescimento de 8,8%.

Durante o último trimestre, o destaque foi a indústria, que cresceu 14,8% e os serviços subiram 6,3%. Entre as atividades industriais, se destaca principalmente a indústria de transformação que apresentou crescimento de 23,7%.

“A indústria poderia até ter se recuperado de uma maneira mais rápida, mas há uma desarticulação com fornecimento. Muitas fábricas estão operando abaixo da capacidade ou não estão dando conta do aumento da demanda causada pelo pagamento do auxílio emergencial. Os próximos meses trazem desafios sai o auxílio e o País está quebrado do ponto de vista fiscal, então a tendência é de um quarto trimestre muito tímido e com muitos problemas a serem resolvidos. Isso significa que a recessão de 4,5% prevista pode ser mais forte esse ano e o crescimento para 2021 pode não ocorrer na mesma intensidade”, analisou.

Para Maskio a situação representa um sinal de alerta para o Grande ABC. “O peso da indústria na região é maior do que no Estado e no Brasil. A longo prazo acende uma luz de alerta porque as discussões no cenário internacional estão mais ligadas à políticas protecionistas. Cada País vai procurar proteger a sua economia e repensar estrategicamente as cadeias de produção mundial”, analisou. 




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