Política Titulo Santo André
Impasse jurídico paira sobre substituto de Rautenberg

Com renúncia do vereador mais bem votado da região, decisão do nome deve terminar na Justiça

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
23/04/2020 | 23:30
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Denis Maciel/DGABC


Com a renúncia do vereador Roberto Rautenberg (Avante), a Câmara de Santo André passa a ter imbróglio jurídico para definir o futuro detentor da vaga. Isso porque, independentemente do cenário, a decisão deve se encerrar na Justiça comum. Quem exerceu o posto durante a licença do parlamentar – desde 2017 – foi Jorge Kina (ex-PSB, hoje PSDB), primeiro suplente da coligação. Contudo, ele utilizou o período da janela para trocar de partido. Diante disso, o quarto na linha de substituição, Donay Neto, que permaneceu na sigla, entrou com pedido junto à mesa diretora para tomar posse do mandato.

O Legislativo fará hoje sessão extraordinária para apreciar projeto que libera a realização de sessões virtuais, mas a substituição de Rautenberg ainda não será pautada. A posse vai ser inserida, de acordo com o regimento interno, inevitavelmente, na terça-feira, na próxima plenária ordinária. O parecer do departamento jurídico da casa tende a sair na véspera da decisão. “Quem vai definir essa questão não é o presidente (da Câmara) nem a casa em si. Vamos nos basear em parecer (técnico). Será levantado quem aparece, oficialmente, como suplente. A própria Justiça Eleitoral divulga lista de aptos”, pontuou o dirigente da mesa, Pedrinho Botaro (PSDB).

Primeiro suplente, Kina registrou 3.073 votos em 2016. Na sequência, Marcos da Farmácia e Oscar Martorelli também abandonaram o PSB. Donay teve 1.051 sufrágios. Especialista em Direito Público e Eleitoral, Alberto Luis Rollo assinalou que dar posse a Kina não pode ser considerada situação automática apenas por ele ter exercido o mandato no período de afastamento de Rautenberg. Segundo o advogado, essa vaga de titular da cadeira surgiu de maneira formal na quarta-feira, criando novo fato. “Não é simples. A foto registrada agora não é a de 2016. É do dia 22. Tem que analisar jurisprudências, a lei mudou, recentemente. Ele (Kina) não foi eleito pelo PSDB, mas por outra coligação (PSB-Republicanos). Abre-se situação duvidosa. Com a renúncia, envolvem discussões adicionais, como o princípio de que o mandato pertence ao partido.”

Rollo ponderou, inclusive, que mesmo a decisão da Câmara “não é imutável”. “O jurídico vai encaminhar o parecer do ponto de vista deles. Essas decisões podem, naturalmente, ser questionadas na Justiça. Estará sujeita a questionamentos. A presidência pode decidir errado, acatando não o melhor entendimento da regra. A deliberação tem que ser baseada em argumentação jurídica, e não política, por exemplo.”

Pedrinho acrescentou que, se fosse o caso, poderia fazer consulta junto à Justiça Eleitoral, mas a quarentena impede, segundo o tucano, esse procedimento neste momento. 




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