Cultura & Lazer Titulo Retorno
Zé do caixão volta à tela

Mais de 40 anos após o planejado, cineasta conseguirá encerrar a trilogia de seu mais famoso personagem

Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
29/07/2008 | 07:00
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Mais de 40 anos após o planejado, o cineasta José Mojica Marins, 72, conseguirá encerrar a trilogia de seu mais famoso personagem. Zé do Caixão, que apareceu em 1964, em À Meia-Noite Levarei sua Alma e, três anos depois, em Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, tem sua pretensa despedida em Encarnação do Demônio, que estréia em 8 de agosto. O retorno, que passou por inúmeros obstáculos ao longo das quatro décadas, se deve em parte à iniciativa do cineasta e montador de Santo André Paulo Sacramento, premiado, assim como o filme e Mojica, no Festival de Paulínia deste ano.

A dupla se conheceu graças ao roteirista gaúcho Dennison Ramalho, que acabou por escrever o roteiro ao lado do mestre do horror. O andreense se aproximou com a proposta de filmarem algo. "E o sonho do Mojica era fazer o Encarnação. Foi, além de tudo, uma homenagem ao cinema brasileiro", explica ele, que, além de produzir em conjunto com a Gullane Filmes, montou o filme.

Como um conjunto de fatores que o cineasta de antigas unhas compridas (usou postiças para filmar, já que mantém grande apenas a de um dos dedos) conta em tom tragicômico, ele só confiou na proposta depois de saber que Sacramento era casado. "Todos os interessados em filmar não tinham mulher ou sócios e acabaram morrendo antes. Com o Paulo, fiquei tranqüilo", brinca. A censura, que obrigou o cineasta a incluir diálogo em que o coveiro diz acreditar em Deus em Esta Noite, foi responsável também por atravancar o terceiro.

O filme não nega a passagem de tempo e utiliza cenas dos anteriores para atualizar os incautos. Para explicar o envelhecimento, Mojica e Ramalho definiram que o coveiro ficou 40 anos preso. "Como estava mais feio, compensei com meninas mais bonitas", disse o cineasta.

Na história, Zé do Caixão continua em busca da mulher superior para gerar um filho. Promove novo banho de sangue, com seguidores, a polícia e um padre em seu encalço. A produção se utiliza da nata do audiovisual brasileiro: José Roberto Eliezer, o Zé Bob (fotografia), André Abujamra (trilha), Cassio Amarante (direção de arte) e David Parizzotti (figurinos), que escolheu Alexandre Herchcovitch para vestir o homem da capa preta. "Queríamos fazer o filme mais forte, usar essa passagem de tempo a nosso favor. Ele é diferente do que seria há 40 anos", afirma o andreense. O elenco conta com o diretor teatral Zé Celso Martinez, Milhem Cortaz, Adriano Stuart e Jece Valadão (1930-2006), em seu último papel.




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