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Convençao protege baleias, mas exclui tubaroes
Do Diário do Grande ABC
20/04/2000 | 15:07
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Terminou nesta quinta, em Nairóbi, no Quênia, a reuniao da Convençao sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Flora e da Fauna, Cites. O encontro de autoridades de cerca de 150 países para decidir a proteçao e o comércio internacional de produtos derivados da fauna e flora foi marcado, novamente, por votaçoes apertadas e muita pressao dos grupos ambientalistas Greenpeace, Fundo Mundial para a Natureza (WWF), Uniao Internacional para a Conservaçao da Natureza (UICN) e Fundo Mundial para o Bem-Estar dos Animais (IFAW), entre outros.

Baleias e tartarugas continuam protegidos no Apêndice I, uma lista que proíbe qualquer tipo de comércio internacional de produtos derivados destas espécies. A decisao frustra as intençoes do Japao e da Noruega de reabrir a caça às baleias e de Cuba e Dominica, de exportar objetos feitos com casco da tartaruga-de-pente.

"A análise da maioria das instituiçoes ambientalistas presentes em Nairóbi é de que a tentativa japonesa de ganhar votos através da "compra" de países caribenhos em troca de ajuda financeira - as ilhas de Saint Lucia, St.Vincent, Grenada e St. Kitts votaram em bloco com o Japao durante toda a reuniao - e da pressao sobre outros pequenos países em desenvolvimento esbarrou no descontentamento da imensa maioria dos países da Cites com este tipo de tática", afirma o brasileiro José Truda Palazzo, especialista em baleias franca. "As decisoes da Cites sao um claro sinal de que dinheiro nao basta ao Japao para garantir seu acesso, antes quase irrestrito, às riquezas naturais de outros países, e que a comunidade internacional prefere aderir aos princípios conservacionistas em vez do lucro fácil das "ajudas econômicas" japonesas". Como as baleias e tartarugas, a situaçao dos elefantes se manteve: os elefantes de Botsuana, Namíbia, Africa do Sul e Zimbábue continuam no Apêndice 2, que permite comércio do marfim com restriçoes e controle, e os elefantes dos demais países africanos continuam no Apêndice 1, mas será feito um levantamento sobre suas populaçoes e número de incidentes com traficantes de marfim para servir de base à próxima reuniao da Cites, em dois anos e meio. Nova proteçao - As espécies cujas situaçao se agravou e que passam a ser protegidas no Apêndice 1 sao a vaca marinha da Austrália; os periquitos-de-chifre da Nova Caledônia; o celacanto, um peixe considerado fóssil-vivo, que habita os mares profundos próximos a Madagascar e uma espécie de macaco arborícola da Argentina. No Apêndice 2 entraram também três espécies de animais e duas plantas: as tartarugas-caixa da Asia; um pássaro canoro da China, chamado hwamei; um sapo venenoso da Malásia; um erva de regioes desérticas o cistanche e o ginseng asiático, largamente utilizado como remédio anti-stress e fortificante. Ficaram de fora das listas da Cites as três espécies de tubarao, cuja inclusao foi defendida pelos Estados Unidos e Austrália: o tubarao-branco, o tubarao-baleia e o tubarao gigante dos mares do Norte. Sao as três espécies de maior tamanho, naturalmente mais raras e classificadas como vulneráveis no livro vermelho das espécies ameaçadas, organizado pela UICN. Por serem grandes, crescem devagar, atingem a maturidade após muitos anos e produzem poucos filhotes. Essas características dificultam sua recuperaçao diante da exploraçao irracional. Além da carne, comercializam-se os dentes e as barbatanas dos tubaroes, consideradas uma iguaria nos países asiáticos.




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