O teólogo brasileiro Leonardo Boff declarou neste domingo que, para o papa João Paulo II, "o inimigo" não era nem o comunismo, nem o nazismo, mas "as elites sem sensibilidade social".
"O papa via este movimento na ótica de um polonês que combateu o nazismo e o stalinismo. Ele queria manter uma Igreja fortemente unida, tradicional, se afirmando como uma força opositora a este tipo de regime", sustentou Boff durante um debate transmitido pela Globonews.
De acordo com o teólogo, João Paulo II via a América Latina de maneira esquemática. Boff abandonou o sacerdócio em 1992, após diversos conflitos doutrinais com a Congregação da Fé do Vaticano.
O teólogo de 66 anos destacou que o papa combateu "ferozmente" a Teologia da Libertação, "inclusive por amor ao povo e à Igreja da América Latina". "Mas ele nunca entendeu que o inimigo da América Latina não era o marxismo", lamentou.
"João Paulo II foi uma personalidade profundamente carismática, profundamente religiosa, que devolveu à religião seu papel de força política mobilizadora das massas e que ajudou a derrotar um regime como o soviético", elogiou.
"Ele também foi um papa que impôs uma forte autoridade dentro da Igreja, restaurando a importância dos detentores do poder religioso numa sociedade moderna que havia marginalizado ou privatizado a religião", finalizou.
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