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CVC reduz valor de mercado a um terço

Empresa admite que vendas chegaram perto de zero, e hoje correspondem a 40% de 2019

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
02/10/2020 | 00:06
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Denis Maciel/DGABC


A pandemia do novo coronavírus atingiu em cheio a CVC Corp, operadora de turismo com capital aberto sediada em Santo André. Desde o início do ano, o valor de mercado da companhia foi reduzido a quase um terço. No dia 2 de janeiro, a empresa valia R$ 6,669 bilhões e, ontem, R$ 2,715 bilhões, diferença de R$ 3,954 bilhões (59,2%).

Conforme explica o economista da Messem Investimentos Gustavo Bertotti, esse cálculo leva em conta o total de ações da empresa – que ontem totalizavam 172,8 milhões – e o valor delas na bolsa de valores. No último pregão estavam cotadas a R$ 15,71, queda de 2,6%. A desvalorização foi puxada pela divulgação do resultado do primeiro trimestre, que saiu perto de 0h da quarta-feira. A CVC apurou prejuízo de R$ 1,15 bilhão; para se ter ideia, nos primeiros três meses de 2019, ela havia obtido ganhos de R$ 50 milhões.

“Desde o início do ano, as ações da companhia já desvalorizaram 61,8% (em 2 de janeiro, valiam R$ 44,71). O cenário de incertezas trazidas pela Covid-19, que afeta bastante o setor de turismo, aliado à disparada do dólar (está cotado em R$ 5,80) e aos erros contábeis apurados (de R$ 362 milhões), atingem em cheio a CVC”, aponta Bertotti. “Como ela ainda não divulgou os resultados do segundo trimestre, não dá para saber o tamanho do baque nos caixas da empresa, mas podemos esperar um impacto bem forte, assim como no setor aéreo, já que segunda onda da Covid-19 atinge a Europa e a primeira ainda persiste por aqui, e o dólar segue pressionado, também pelo risco fiscal decorrente das questões políticas internas e de erros de comunicação, por exemplo, das decisões em torno do programa agora chamado de Renda Cidadã, que diverge sobre as fontes de financiamento e cogitam mexer nos impostos.”

O economista destaca que, dos meses do primeiro trimestre, janeiro e fevereiro ainda não registravam reflexos da pandemia, que apareceu no País na segunda quinzena de março. De acordo com a empresa, “o desempenho da companhia nos meses de janeiro e fevereiro estava em linha com o cenário projetado para o ano, porém, março chegou e com ele a enorme tempestade causada pela pandemia”.

A CVC admitiu aos investidores que, entre abril e junho, as vendas foram próximas a zero. “Mas vêm crescendo consistentemente desde o início do mês de julho de 2020 e, já na primeira quinzena de setembro, atingimos aproximadamente 40% do valor do mesmo período do ano anterior – com maior crescimento no segmento de lazer doméstico, que atingiu 45% do mesmo período de 2019”, assinala a empresa no balanço. A CVC reconhece que o turismo internacional e as vendas corporativas ainda estão fracos.

ENXUGAMENTO

Apesar da retomada, o número de franquias da CVC em todo o País vem diminuindo. Antes da pandemia eram 1.360 e, hoje, são 1.200 – queda de 11,76%. A companhia informa que 90% já estão funcionando, apesar de a quarentena ainda estar em vigor, e considera que haja espaço para encerramento de mais 10% de suas lojas, o que levaria o volume a 1.080.

Para lidar com a ociosidade, apesar da tímida retomada do turismo doméstico, a CVC informa que aposta em uma maior integração de sua operação e digitalização dos serviços, além de enxugar gastos. Neste ano foi realizada reestruturação que baixou de 20 para 11 o número de diretores executivos, e foram demitidos cerca de 200 colaboradores. Os salários também foram reduzidos em 50% de abril a junho. “Com as medidas de redução implementadas, nossos gastos mensais recorrentes (folha de pagamento, tributos, investimentos em projetos prioritários e juros da dívida) diminuíram para uma média mensal de R$ 52 milhões ao longo do segundo trimestre de 2020”, diz o balanço.

Em 2019, a companhia contabilizou prejuízo de R$ 1,86 milhão. 




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