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Kakinoff não descarta presidir VW
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
08/07/2009 | 07:00
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Quando a Volkswagen se viu na obrigação de repensar sua estratégia no Brasil, ele foi um dos envolvidos no planejamento para a retomada da liderança do mercado nacional. À época com 23 anos, Paulo Sérgio Kakinoff já era considerado uma das melhores cabeças da multinacional alemã.

Uma década depois, a Volks se reestruturou, passou por profundas mudanças, embora ainda não tenha conseguido tirar a liderança da Fiat. Mas a carreira de Kakinoff não parou de evoluir.

Após uma passagem de dois anos junto ao board da matriz na Alemanha, o rapaz nascido em Santo André deixou cargo de executivo na Volks para assumir, há três meses, a presidência da Audi no Brasil. Saiu do Grande ABC para morar em São Paulo, mas não esquece da região em que foi criado e onde moram seus pais. "Eu sou fruto de uma geração do ABC apaixonada e dedicada ao automóvel", afirmou.

Embora tenha entrado para os quadros da Volks aos 17 anos, desde a infância convivia com a empresa. "Sempre acompanhei meu pai em visitas à fábrica da Antchieta nos eventos open house, quando a montadora permitia a seus funcionários levarem os parentes à fábrica. "Era um delírio ver onde os carros que gostávamos eram construídos." O pai dele, Sérgio, era responsável por programa de controle de qualidade.

O desafio de Kakinoff é resgatar o prestígio que a Audi tinha no Brasil quando era dirigida pela família Senna. Após comprar a parte do sócio brasileiro, a marca patinou. O encerramento da produção do A3 no Paraná desmotivou a rede de revendedores, que passou de uma vendagem de 10 mil carros por ano para somente 2.000.

O executivo está confiante. Foi com disposição que revelou ao Diário como vai cumprir sua missão. Para analistas, a presidência da Audi brasileira faz parte da preparação para que ele possa comandar a Volkswagen do Brasil. Kakinoff diz que não se preocupa com isso, mas também não descarta a ideia.

DIÁRIO - A Audi está em ascensão na Europa, mas aqui passou a ser vista como uma marca de um carro só, o A3. Como reverter isso?

PAULO SÉRGIO KAKINOFF- De fato a Audi evoluiu muito, tanto que tem planejamento para ser a maior marca premium do mundo até 2015. No Brasil estamos reestruturando o negócio, fortalecendo a rede de 17 concessionários com produtos que estão entre os mais avançados do mundo. Nossas vendas já cresceram 20% no primeiro semestre.

DIÁRIO - A Audi não vai voltar a ter fábrica no Brasil?

KAKINOFF - Os volumes não comportam mais uma fábrica aqui. Toda nossa produção (1 milhão de unidades em 2008) é concentrada na Alemanha, o que faz a empresa ter lucratividade mesmo durante a crise.

DIÁRIO - A Audi planeja vender 5.000 carros aqui até 2015. Não é pouco para um mercado que já está entre os cinco maiores do mundo?

KAKINOFF - O Brasil é estratégico para a Audi. Para uma marca que vende carros premium, de alto valor, não é uma operação tão pequena. Estamos apostando tanto no País que um carro lançado hoje na Europa só leva seis meses para chegar aqui - antes demorava até dois anos.

DIÁRIO - Muita gente na indústria afirma que a presidência da Audi é um teste para você assumir o comando da Volkswagen do Brasil. Você acredita nisso?

KAKINOFF - Não é uma coisa que eu goste de falar nem especular, mas faz sentido pelo investimento que a Volkswagen fez em mim e por meu empenho desde que cheguei à empresa, ainda adolescente. O poder, para mim, não é uma obsessão. Prefiro estar numa posição em que seja reconhecido e respeitado pelo meu trabalho e competência.

DIÁRIO - Você sempre trabalhou na Volkswagen, até assumir a Audi do Brasil?

KAKINOFF - A Volks, de certa forma, faz parte de minha vida desde que eu nasci. Aos 4 anos eu já visitava a empresa com meu pai, Sérgio, que cuidava do controle de qualidade. Antes de me tornar um executivo, eu já era um apaixonado por automóveis. Sou fruto de uma geração do Grande ABC apaixonada por carro e dedicada a isso.

DIÁRIO - Você é do Grande ABC?

KAKINOFF - Nasci e fui criado em Santo André. Com meus amigos gostava de transformar carros nas oficinas e garagens da cidade. Minha estreia na Volks, aos 17 anos, coincidiu com a chegada no Brasil do primeiro carro com muita tecnologia eletrônica embarcada, o Golf GTi, importado da Alemanha.

DIÁRIO - Como começou sua carreira profissional na indústria automotiva?

KAKINOFF - Após fazer um curso de eletrônica na escola ETEC Júlio de Mesquita, em Santo André, entrei na Volks para trabalhar com sistema de injeção. Como tinha habilidade didática, comecei a fazer um manual para ensinar os mecânicos da rede a trabalhar com um novo sistema. Daí, minha carreira foi direcionada para o marketing. A formação em administração no Mackenzie consolidou.

DIÁRIO - Você participou de uma fase difícil da Volks durante uma reestruturação...

KAKINOFF - Foi uma fase muito difícil, a rede estava desmotivada, os produtos precisavam ser renovados e, em consequência, perdíamos mercado. A partir daquele ponto, decidimos dar uma virada com um planejamento que hoje dá resultados consistentes.

DIÁRIO - Na Audi é o mesmo desafio?

KAKINOFF - Guardadas as devidas proporções, é mais ou menos igual. Agora como naquele tempo, precisamos reorganizar a relação com os revendedores, planejar a distribuição e fortalecer as concessionárias financeiramente.

DIÁRIO - Você negocia a reabertura de concessionárias no Grande ABC?

KAKINOFF - Sim. Estamos estudando a abertura de pelo menos uma loja. Negociamos com grupo que já tem loja em São Paulo.




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