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Biografia de Vianinha é relançada
Das Agências
07/01/2001 | 16:49
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Com exceção talvez de Nelson Rodrigues, nenhum artista teatral brasileiro tem atraído fortemente o fascínio de estudiosos como o ator e dramaturgo Oduvaldo Viana Filho (1936-1974). Sua trajetória pessoal e artística já foi tema de diversos artigos, livros e teses de doutorado. Uma das melhores publicações sobre o autor de Rasga Coração é relançada em edição revista e ampliada: Vianinha, Cúmplice da Paixão – Uma Biografia de Oduvaldo Viana Filho (Record, 418 págs., R$ 42), do jornalista Dênis de Carvalho.

Com nova capa e projeto gráfico atraente, o livro ganhou prefácio do escritor Alcione Araújo e quase o dobro de páginas da edição original, lançada em 1990, pela editora Nórdica. “Vianinha tornou-se o paradigma do artista criador e intelectual consciente do Terceiro Mundo, que acreditou na arte como forma de conhecimento e a utilizou como arma para a libertação”, afirma Araújo.

Carvalho realizou extensa pesquisa acrescentando à biografia original informações extraídas, por exemplo, dos arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Também aborda diversas facetas da curta – apenas 38 anos – e intensa vida de Vianinha. Por meio de entrevistas, documentos, artigos e outras publicações, traça o perfil de um artista que desejava transformar o mundo e possuía uma rara capacidade de autocriticar-se.

Carvalho mostra um Vianinha não como militante rancoroso, mas generoso, namorador e obcecado pelo trabalho a ponto de ditar o segundo ato da obra-prima Rasga Coração no leito do hospital, pouco antes de morrer de câncer.

A narrativa começa pelo perfil dos pais. Afinal, Vianinha é filho do dramaturgo Oduvaldo Viana, comunista de carteirinha, que lutou pelo fim da prosódia portuguesa nos palcos do país.

Justo essa filiação livrou Vianinha de interrogatórios do Dops, porque a repressão sempre confundiu pai e filho. A única ficha no Dops dava conta de Oduvaldo Viana, um senhor que milita no PCB em 1945 e agita no CPC nos anos 60, a um só tempo.

Oduvaldo dirigia o filme Bonequinha de Seda, quando sua ex-secretária e segunda mulher, Deocélia Viana, deu à luz o primeiro filho do casal no dia 4 de junho de 1936, no Rio. Na ânsia de reiniciar os trabalhos, Oduvaldo registrou o menino como Oduvaldo Viana achando que, por ser seu filho, automaticamente seria Oduvaldo Viana Filho.

“O escrivão não teve raciocínio tão ágil – e pai e filho ficaram com o mesmo nome para o resto da vida”, conta Carvalho. “Filho” foi informalmente acrescentado ao sobrenome, mas oficialmente nunca existiu.

Vianinha foi capaz de despertar e viver grandes paixões, da primeira companheira, Vera Gertel, à atriz Odete Lara, até Maria Lúcia, a sua companheira dos últimos dias. Além, é claro, da eterna paixão pelo teatro.




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