O ex-prefeito e candidato derrotado nas eleições à Prefeitura de Diadema Gilson Menezes (PL) iniciou nesta sexta a articulação de uma frente de oposição à candidatura de José Augusto da Silva Ramos (PSDB), que disputará o segundo turno contra o candidato petista à reeleição, José de Filippi Júnior. Gilson e o também derrotado César Sonega (PRTB) encabeçam a frente e farão neste sábado uma reunião com a cúpula do PT da cidade para definir o apoio a Filippi, que terá ambos em seu palanque.

A decisão de Gilson significou um racha no PL e deixou um grupo de 22 membros do diretório municipal do partido, que já formalizaram apoio a José Augusto, em polvorosa.

A frente pode ser engrossada pelo candidato derrotado a prefeito Francisco Luna (PFL). Ele disse nesta sexta que entraria na composição em respeito e admiração a Gilson, porém dependeria de reuniões com as cúpulas estadual e municipal do seu partido, que também apóia José Augusto.

Formalizando o apoio, Gilson tentará transferir os 12.924 votos que obteve no primeiro turno para o candidato petista, que somou 96.521 votos (44%) contra 106.263 (48,53%) de José Augusto. Uma eventual migração maciça dos votos de Gilson pode mudar o cenário eleitoral na cidade.

"Decidimos que não apoiaremos José Augusto por questões históricas. Sou fundador do PT e fui retirado do partido por José Augusto, que promoveu um golpe. Além disso, há uma série de outras questões, como a conduta dele de perseguição aos funcionários públicos em sua gestão (como prefeito, de 1989 a 1992) e o fato de ele ser preconceituoso, pois não gosta de pobres e de negros", disse Gilson, durante entrevista no escritório político de Luna. Ele comentou ainda que José Augusto é "truculento e antidemocrático".

Reforçando a frente anti-José Augusto, o candidato derrotado César Sonega - diretor de comunicação da Prefeitura na última gestão de Gilson (1997 a 2000) - afirmou que o tucano adotou postura ditatorial. Ele e Gilson também acusaram o tucano de praticar política assistencialista. "Todo mundo sempre soube que ele trocava votos por cestas básicas", completou Gilson.

Os dois informaram que estarão neste sábado com integrantes do PT para que sejam incluídas propostas deles no programa de governo de José de Filippi. Investir na qualificação profissional e retomar os pagamentos dos precatórios alimentares são duas delas.

Questionados sobre a intenção de assumirem cargos na nova gestão caso Filippi vença, Gilson e Sonega minimizaram. "Todo mundo quer ter espaço, participar, mas, por enquanto, queremos ficar na questão programática, quero que ele atenda algumas idéias", disse Gilson.

Raimundo Salles, membro da executiva nacional do PL, disse que Gilson desrespeitou uma decisão do diretório municipal. Segundo Florisvaldo Costa, do diretório, 22 dos 33 integrantes da cúpula do partido assinaram apoio à candidatura de José Augusto. Dos restantes, seis se abstiveram e cinco optaram por apoiar Filippi. "Os cinco são Gilson e seus parentes", disse Costa.

Segundo o candidato a vice de José Augusto, Manoel José da Silva, o Adelson, a atitude de Gilson "de apoiar o PT" é lamentável. "Ele sempre foi contra o Filippi, até já o chamou de ladrão. Estou espantado com a decisão. Só lamento que ele apóie alguém que não fez nada para Diadema. O Gilson está dando um tiro fatal contra a imagem política dele. Mas o restante do PL está conosco, não estamos preocupados." Sobre as acusações contra a pessoa de José Augusto, Adelson informou serem declarações mentirosas e fruto de desespero.

O Diário procurou o candidato José Augusto nesta sexta, mas não conseguiu localizá-lo. A reportagem deixou recados no escritório político do tucano, mas não obteve retorno.