Turismo Titulo No sossego das Serras Verdes
Pelas curvas da Mantiqueira

Circuito do extremo Sul de Minas Gerais, que se estende por 19 cidades, guarda paisagens bucólicas

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
31/01/2019 | 07:27
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Soraia Abreu Pedrozo/DGABC


O extremo Sul das Minas Gerais guarda pedaço precioso da Serra da Mantiqueira, com paisagem repleta de colinas cobertas de grama verde, árvores que acalmam só de olhar, e plantações que surpreendem pela diversidade, pelo sabor e pela movimentação da economia local – inclusive, muitos dos produtos oriundos da roça são exportados. As 19 cidades que compõem o Circuito Turístico Serras Verdes do Sul de Minas, existente desde 2003, respondem atualmente por 2,5% da receita do Turismo do Estado mineiro, mas a meta é dobrar essa participação até o ano que vem.

Passear pelas estradinhas que levam às áreas rurais de Extrema, Bom Repouso, Cambuí, Córrego do Bom Jesus, Consolação, Gonçalves, Monte Verde e Cachoeira de Minas, para citar alguns destinos, é verdadeira terapia. Embora os caminhos nem sempre sejam devidamente sinalizados nas cidades menores e menos turísticas – o que está na pauta da atual gestão do circuito, que busca atrair iniciativa privada para melhorar também a oferta de hospedagem e alimentação –, e o sinal do GPS por vezes falhe, o gostoso mesmo é se perder pelas fotogênicas estradinhas, sem pressa, e encontrar cenários bucólicos únicos, vilarejos que parecem parados no tempo, e relaxar.

A presidente do circuito, Rosely Moraes, estima que o visitante tenha gasto médio de R$ 300 por dia para cobrir hospedagem, alimentação e passeio na região do circuito. Sugestão é montar base em Cambuí, de onde as distâncias médias dos locais percorridos pela equipe do Diário são de uma hora a uma hora e meia. Além disso, a cidade possui considerável oferta de bares e restaurantes, o que pode ‘salvar’ no retorno dos passeios.

Um bom lugar para começar a explorar a região é Extrema, situada perto da divisa com São Paulo e considerada o portal de entrada do circuito mineiro. A cidade, que ganhou prêmio em Dubai (Emirados Árabes) por incentivar produtores rurais dispostos a fazer adequação ambiental para preservar suas minas d’água, a partir do Programa Conservador das Águas, quer que a segunda fonte de receita da cidade seja oriunda do turismo – a primeira provém da indústria. Na gestão atual, inclusive, foi criada Secretaria de Turismo para ajudar na divulgação das belas cachoeiras e do agriturismo. Por estar mais avançada do que suas vizinhas neste aspecto, e também ser maior do que elas, foram estabelecidas cinco rotas em sua área rural: Rosas, Ventos, Águas, Sol, Pedras.

Na Rota dos Ventos, em Salto do Meio, há um lugar, no mínimo, especial. Trata-se do Paraíso do Shimeji (Estrada Municipal João Batista Magalhães). Em meio a duas cachoeiras, uma delas com menos de um metro de profundidade, o casal Rita e Gustavo Santos planta cogumelos há quatro anos. Ela, química, e ele, dono de restaurante, desde então deixaram para trás a vida em São Paulo para se dedicar ao cultivo da iguaria, que ele logo de cara destaca seus benefícios à saúde: “É mais saudável, previne doenças respiratórias, fortalece o sistema imunológico”, sentencia.

“Como não tinha muita procura pelo cogumelo in natura (cuja bandeja de shimeji sai a R$ 6 e de shitake, R$ 20), criamos produtos para ampliar as vendas, a exemplo do shimeji desidratado e defumado (R$ 6), geléia (R$ 25), antespasto de shimeji (R$ 22), shimeji em conserva (R$ 22) e até cerveja de shimeji (R$ 20). Estamos trabalhando para oferecer também fetuccini, lasanha, hambúrguer e farinha. O cogumelo substitui a carne”, explica Santos.

Durante visita ao local, aberto diariamente das 9h às 19h – no verão, mas é bom dar uma ligada antes (35) 9 9957-8380 –, os proprietários recebem com explicações, liberam visita pelo espaço e permitem que clientes fotografem na cachoeira e deixam até se banhar. “A cachoeira é particular. Não é o objetivo torná-la pública porque somos corresponsáveis por tudo o que ocorre aqui.”

As degustações são acompanhadas de licor de limão siciliano plantado no local e produzido a cinco minutos dali, na Rota das Águas, pela Empyreo Destilaria (Estrada Municipal Pedro Rosa da Silva, km 7,5, sem número, telefone 35 - 9 8446-5604). O local oferece dezenas de variedades artesanais de bebidas, destiladas no forno à lenha. O Limoncello (R$ 25) não fica nada atrás da receita original italiana, e a cachaça adocicada de cravo (R$ 25) seduz pelo aroma e sabor. A gerente Sonia Romano, que trabalha há oito anos ali, conta que no estabelecimento, que possui lanchonete e abre de quarta a sexta-feira, das 9h às 16h30, sábados, domingos e feriados, das 9h às 18h, uma vez por mês tem roda de samba de raiz.

No retorno ao Centro da cidade, distante cerca de dez minutos, se a fome bater, dá para fazer parada no restaurante Só Massas (Praça Presidente Vargas, 20). Penne ao molho gorgonzola (R$ 25) e arroz, parmegiana e fritas (R$ 18) vão bem acompanhados de suco de morango natural (R$ 5). Há apenas um senão aos fãs de café: o local não oferece, mas há opções na praça.
 




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