Amarelo Manga passa-se em Pernambuco, terra natal do diretor, que resgata aqui o ambiente de seu último curta-metragem, Texas Hotel (1999). É um filme triste, amarelado, como o título sugere, e isso está exposto no filtro da câmera, em alguns objetos dos cenários, nos sentimentos dos personagens. São os detalhes, aliás, que o tornam primoroso. Esta qualidade técnica contrasta com o fato de esta ser uma produção barata para os padrões nacionais. Com o custo de R$ 500 mil, ganhou o prêmio de filmes de baixo orçamento do Ministério da Cultura.
Amarelo Manga, aliás, é um filme de muitos méritos. Ganhou uma menção no Festival de Berlim do ano passado, quatro Candango no Festival de Brasília e o prêmio de melhor fotografia no Festival de Miami. Sua história é consistente, e extremamente chocante. O roteiro de Hilton Lacerda (de Baile Perfumado, 1996, no qual Assis trabalhou como diretor de produção) acompanha a rotina de um grupo de personagens urbanos e perdedores, enredados em uma teia de perversões e paixões doentias e desencontradas.
No centro deles, está o homossexual Dunga (Matheus Natchtergaele), que trabalha como cozinheiro do tal Texas Hotel e nutre verdadeira obsessão por um açougueiro (Chico Diaz). Este, por sua vez é casado com uma protestante devota (Dira Paes) e mantém um tórrido caso com uma vizinha.
É um filme legitimamente nordestino, mas que não segue a temática sertaneja, extremamente explorada no fim dos anos 1990 pelo cinema nacional. A originalidade ganha ainda com as atuações irretocáveis de Matheus e Leona Cavalli, no papel de uma dona de bar durona e amargurada. Imperdível.
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