“É utensílio necessário, não é extravagância”. Com esta declaração, o presidente da Câmara de Santo André, bispo Ronaldo de Castro (PRB), justificou a homologação na sexta-feira do processo licitatório para compra de 21 frigobares destinados a compor todos os gabinetes dos vereadores, embora sem consulta prévia sobre a medida. A direção do Legislativo acatou como vencedora a empresa Ferrini & Rissato Comércio e Consultoria Ltda, formalizando o resultado do certame, por intermédio do Diário Oficial, com empenho de despesa pública na ordem de R$ 15,9 mil.

O valor corresponde a R$ 758 a cada equipamento, designado modelo no edital com capacidade entre 110 e 130 litros, na cor branca. A licitação se deu na modalidade de pregão presencial. A aquisição das unidades marca a última iniciativa aberta por Ronaldo à frente da Casa – o republicano deixa o comando da mesa diretora após dois anos no posto. Até agora, apenas o gabinete da presidência era composto por frigobar, apontado, segundo a Câmara, “em condições precárias de funcionalidade”, sendo “antigo e ineficiente do ponto de vista energético”.

Ronaldo alegou também que a compra dos frigobares vai favorecer a população, defendendo que o Legislativo “precisa de melhorias”, posicionando-se favorável à obtenção, por exemplo, de mobiliário e instalação de catracas. “(Com o refrigerador) Temos oportunidade de oferecer água gelada aos munícipes durante atendimento no gabinete. Não há nada de absurdo nisso. É útil até para o (servidor) comissionado colocar alimento, melhor para o desempenho do trabalho”, disse, ao emendar que o TCE (Tribunal de Contas do Estado) adquiriu micro-ondas e o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), frigobar. “Qual é o problema? Isso consta na fundamentação para embasar o edital.”

O presidente da Casa negou que o processo tenha acontecido às escondidas – demais parlamentares criticaram a falta de diálogo para a tomada de decisão. “Já falava sobre colocar frigobares em junho, pelo menos. Tudo é conversado. Logo depois entrou em processo de eleição, muitos não estavam presentes nos 45 dias de campanha. Quero ver alguns (vereadores), que não estarão mais aqui (Legislativo), agora na secretaria (Executivo), se não usarão esse equipamento lá”, alfinetou.

REFORMA
O republicano garantiu que a empresa Ponto Forte, responsável pelas intervenções na Câmara, “irá concluir até fim de dezembro” as obras de reparo, iniciadas em julho. A reforma seria apenas no telhado, de impermeabilização da laje, estendendo-se ao piso dos gabinetes, o que rendeu aditivo ao contrato. Ronaldo chegou a suspender sessões e cancelar expediente devido a série de inundações no período. A obra vai consumir R$ 860,9 mil.