No wresteling o treinamento é sério, como em qualquer esporte. E é possível se machucar feio. Dependendo da gravidade, as lesões podem matar. Segundo Drago, autor de Telecatch - Almanaque da Luta Livre, pelo menos três lutadores (dois japoneses e um norte-americano) morreram no ringue.

Gerson Xavier de Paiva, 63 anos, de Santo André, conhecido como Nino Mercury, o Italianíssimo, sofreu terrível acidente em 1985. Durante apresentação realizada no interior de São Paulo, foi arremessado às cordas do ringue, que estouraram. O lutador caiu de cabeça no chão. "Estourei os tímpanos. Foi horrível", recorda. Para piorar, tombou da maca dentro da ambulância porque se esqueceram de amarrá-lo. "Os dois lutadores que estavam comigo não conseguiram me segurar. Mas nada mais grave aconteceu. Após 40 dias já estava no ringue novamente. Minha mulher que não gostou", diz.

O diretor técnico da BWF (Federação Brasileira de Wrestling) Bob Júnior, 41, também relembra ocasiões em que se machucou. Em 32 anos de carreira, já passou por duas cirurgias no joelho e teve duas clavículas quebradas. "Como todo esporte de contato, temos alguma lesão. É impossível não acontecer."

Segundo Ted Boy Marino, astro da luta livre no Brasil nos anos 1960 e 1970, os machucados iniciais aconteciam principalmente pela falta de experiência. "Mas depois, com bastante treino, você aprende (a bater e apanhar) como em outro esporte", afirma Mario Marino (seu nome verdadeiro), 72.

No filme O Lutador (2008), Randy ‘The Ram' - atleta consagrado nos anos 1980 - tem de encarar as dificuldades da vida 20 anos após seu auge. O longa mostra os assombrosos artifícios usados por profissionais de wrestling do meio underground para entreter o público. Entre os objetos utilizados para derramar sangue no ringue estão arame farpado e cacos de vidro. Mickey Rourke, que interpreta o protagonista, ganhou o Oscar de melhor ator pelo papel.