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Alaíde reassume Paço de Mauá e anuncia demissão de secretários

Prefeita interina toma posse com críticas a Atila Jacomussi e antecipa que modificará primeiro escalão

Júnior Carvalho
do dgabc.com.br
28/12/2018 | 06:55
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Denis Maciel/DGABC


A vice-prefeita eleita de Mauá, Alaíde Damo (MDB), foi novamente empossada prefeita interina na tarde de ontem em decorrência da manutenção da prisão do prefeito eleito Atila Jacomussi (PSB). Após o ato, ela antecipou que trocará praticamente todo o secretariado do atual governo, como fez da primeira vez em que assumiu. “Eu não posso ficar com uma equipe que vai trabalhar contra mim”, disse.

Alaíde evitou nominar quem ficará e quem sairá da Prefeitura, confirmando apenas a permanência de Rogério Babichak (Assuntos Jurídicos). “Nossa senhora, é uma lista (grande de demitidos). Não tenho (todos os nomes). Amanhã (hoje) vou verificar quem são as pessoas. Tem muitas pessoas do Atila que são ótimas e que vão ficar comigo. Eu valorizo quem realmente trabalha”, desconversou, ao ironizar a pressa que tem para trocar a equipe. “Se tivesse gente no RH (ontem) ia ser a partir de hoje, viu”. O Diário apurou que o nome de Sérgio Galvano, ex-secretário da gestão do marido, Leonel Damo, é dado como certo para chefiar o Governo.

A agora prefeita interina assumiu a cadeira depois de divergências com o grupo de Atila sobre qual dia deveria haver a substituição de fato. Acompanhada do marido e da filha, a ex-deputada estadual Vanessa Damo (MDB), a vice-prefeita eleita esteve ontem pela manhã no Paço com o objetivo de começar a despachar de imediato, mas foi informada pelo núcleo duro da gestão Atila que o prazo legal do afastamento (15 dias) se encerraria apenas ao fim do dia e que, portanto, só deveria tomar posse a partir de hoje. A transição, entretanto, ocorreu às 17h de ontem, logo após o término do expediente da administração. Ela voltou ao Paço ladeada por Leonel e por aliados, mas sem Vanessa.

A imprensa foi impedida por correligionários da vice-prefeita e pela GCM (Guarda Civil Municipal) de entrar na Prefeitura e acompanhar a transmissão do cargo, feita pelas mãos do braço direito de Atila e secretário Israel Aleixo, o Bell (PSB, Governo). Os jornalistas só puderam entrar no gabinete depois que Alaíde foi empossada. Na entrevista, a prefeita interina não poupou críticas a Atila e seus aliados e reclamou da resistência por parte da equipe do socialista em permitir sua posse. “Sempre houve resistência porque a gente não estava unido. Eu não compactuo com coisas erradas”, criticou a emedebista.

BOLSONARO
Aparentemente mais tranquila e segura em comparação com a primeira passagem pela Prefeitura, em maio, quando assumiu, em entrevista ao Diário, que dependia de orientações do grupo de Atila para saber o que fazer no cargo, Alaíde resolveu valorizar justamente sua falta de experiência política e se comparou com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). “Eu não sou política, estou política. Por isso, eu tomo algumas decisões que não são políticas. Eu vou falar igual ao meu ídolo, que é o Bolsonaro. Eu acho que o prefeito tem de ter pessoas experientes perto dele. Vai dizer que todo prefeito e todo governador entende de todos os setores? Lógico que não. Eu tenho de me cercar de pessoas ótimas que sejam técnicas e que façam um bom trabalho”, avaliou.  

Interina evita comentar impeachment

Durante a primeira entrevista à imprensa, minutos depois de reassumir o comando da Prefeitura de Mauá, a prefeita interina Alaíde Damo (MDB), evitou comentar sobre os pedidos de impeachment do prefeito Atila Jacomussi (PSB) que foram protocolados desde a sua prisão, no dia 13, no âmbito da Operação Trato Feito.

 Questionada se apoiava ou discordava da cassação do companheiro de chapa, Alaíde decidiu lavar as mãos. “Não sei, isso vou deixar com os vereadores mesmo”, desconversou ela.

 Como esperado, pelo menos 14 dos 23 vereadores assinaram requerimento exigindo que o recesso seja levantado para que a Casa aprecie os pedidos de impeachment. O documento foi procotolado logo pela manhã na diretoria da Casa e só foi idealizado depois que o presidente do Legislativo mauaense, Admir Jacomussi (PRP), pai de Atila, decidiu cancelar a sessão que ele próprio havia convocado para apreciar o pedido de licença do filho. O recuo se deu justamente porque as regras internas da Casa o obrigariam a colocar os pedidos de abertura de impedimento do prefeito em votação.

 Pelo regimento interno da Câmara de Mauá, Admir tem até amanhã para convocar a sessão extraordinária. O Diário apurou, no entanto, que os parlamentares estão convencidos de que o atual mandatário da Casa não cumprirá esse rito e que deixará nas mãos do próximo presidente, o vereador Vanderley Cavalcante da Silva, o Neycar (SD), que assume o comando da mesa diretora a partir do dia 1º.

 Entre as críticas que fez a Atila, Alaíde alfinetou a tradicional marca usada pelo socialista de que a cidade possui um prefeito “filho de Mauá”. “Aqui não tem essa de filho de Mauá, o que importa é querer trabalhar”, cutucou. “Se ele (Atila) sair (da prisão), eu vou embora (da Prefeitura), como fiz da outra vez. O poder nunca me subiu à cabeça, eu entrego (o cargo de prefeita interina). Vou seguir a lei”, garantiu a emedebista, que evitou comentar sobre o fato de a maioria dos parlamentares também ser acusada de receber propina de Atila em troca de apoio político. 

Psol entrega à Câmara o 8º pedido de cassação de Atila

O Psol de Mauá protocolou ontem à tarde na Câmara pedido de impeachment do prefeito Atila Jacomussi (PSB). Na prática, é a oitava solicitação, por parte de diferentes entidades, de cassação do chefe do Executivo.

 Na petição, segundo os integrantes do partido, além do impedimento de Atila do cargo para o qual foi eleito em 2016, o Psol exige a revogação da taxa do lixo porque, segundo a legenda, teve a “votação contaminada” por conta das denúncias. 

 A PF (Polícia Federal) acusa 21 dos 23 vereadores, além de um suplente, de receberem propina por parte do governo Atila para aprovar projetos de interesses do governo. Entre essas medidas, a investigação apontou justamente que houve compra de voto de parlamentar na apreciação da implementação da taxa do lixo, em dezembro de 2017. Uma evidência, para a PF, é uma anotação com o nome do vereador Pastor José (PSDB), acompanhada de valores e do termo “taxa do lixo”. 

 Ontem mesmo Alaíde antecipou que não vai revogar o imposto, mas disse que estudará a viabilidade jurídica de cancelar os reajustes nas tarifas de água e esgoto. “A taxa do lixo foi aprovada pelos vereadores e esse eu não posso abrir mão porque eu responderia por improbidade administrativa por conta de renúncia fiscal”, justificou a prefeita interina.

 A emedebista ainda se queixou da imprensa durante a entrevista. “A mídia toda estava contra mim (durante a primeira passagem pelo Paço) e a favor a uma pessoa que estava fazendo coisas erradas”, disse, em referência a Atila.




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