Política Titulo Editorial
O alerta da tragédia
Do Diário do Grande ABC
16/07/2019 | 11:41
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 A morte da família Utima, ocorrida possivelmente por intoxicação de gás natural na noite de sexta-feira em apartamento localizado na Vila Bastos, em Santo André, traz alerta à sociedade. As facilidades proporcionadas pela vida moderna estão sendo usufruídas desacompanhadas de mecanismos que garantam seu uso com segurança. A tragédia andreense expõe, de maneira inequívoca, a absurda falta de fiscalização que existe em condomínios habitacionais no Grande ABC, onde dispositivos são instalados sem os cuidados necessários e não recebem manutenção adequada. É preciso, com a máxima urgência, preencher o lapso, que se mostrou fatal.

Responsável pela apuração do episódio, que chocou o Brasil, o delegado Roberto Von Haydin disse ter 99% de certeza de que as mortes da família foram causadas pela ingestão do monóxido de carbono, gás liberado pelo aquecedor do chuveiro – a exaustão da substância não foi possível, segundo a investigação policial, porque o equipamento não possuía a chaminé, falha que, registre-se, havia sido notada pelo síndico há dez anos! A questão que resta é: como um apartamento ficou sem item de segurança obrigatório por tanto tempo sem nenhum tipo de providência?

O gás natural é utilizado ao redor do mundo como combustível de aquecedores há muito mais tempo que no Brasil. Em outros países, todavia, o sistema não é instalado sem que esteja acompanhado de sensor que emite alerta quando os níveis de monóxido de carbono se tornam incompatíveis com a respiração humana. O aparelho custa menos de R$ 200 e poderia ter salvado a vida da família Utima.

Mas o Brasil dá pouca atenção a itens de segurança, entendidos como dispendiosos e, portanto, dispensáveis. Até que tragédias aconteçam. Exemplos não faltam. A ninguém ocorreu que a porta da Boate Kiss, na cidade gaúcha de Santa Maria, não seria suficientemente larga para escoar o público em tempo hábil no caso de incêndio – até que um incêndio ocorreu na madrugada de 27 de janeiro de 2013, matou 242 pessoas e feriu outras 680, enlutando o País. Quatro pessoas morreram em Santo André. Não foram as primeiras em episódios semelhantes. Até quando? Já passou da hora de rever os protocolos de segurança para o uso de gás nas residências.




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