Política Titulo Acusação
Procuradoria denuncia Auricchio por crime eleitoral em 2016

Órgão aponta que 54% do montante arrecadado para a campanha vêm de doações dissimuladas

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
13/06/2018 | 07:50
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André Henriques/DGABC


A PRE-SP (Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo) formalizou denúncia ontem no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) contra o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), e seu vice Beto Vidoski (PSDB), além de outras sete pessoas, por crime eleitoral na campanha de 2016. O órgão acusa a chapa tucana de caixa dois e formação de organização criminosa e pede a cassação, inelegibilidade e prisão da dupla.

“Estima-se que 54% do montante arrecadado para a campanha são provenientes de doações dissimuladas, o que coloca em xeque a própria legitimidade do pleito no município”, cita o documento.

A chapa do PSDB venceu o páreo contra o ex-prefeito Paulo Pinheiro (ex-MDB, hoje no DEM). A averiguação foi iniciada em maio do ano passado. O órgão apurou a “utilização de diversas pessoas físicas para disfarçar a origem dos recursos que financiaram a campanha à Prefeitura de São Caetano e que abasteceram o caixa do diretório local do PSDB no mesmo período”.

Os crimes foram cometidos, segundo a investigação, em torno da empresa Globo Contábil e de seu proprietário, Eduardo Abrantes, que “se utilizou de funcionários e de familiares para camuflar os recursos destinados à campanha”. Entre os ‘laranjas’ usados no acordo constava pessoa sem nenhuma condição econômica de realizar doações milionárias. A principal conta bancária utilizada foi a de Ana Maria Comparini Silva, “pessoa humilde e pensionista do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), pela qual transitou cerca de R$ 1,4 milhão, dinheiro que abasteceu direta ou indiretamente a campanha eleitoral e o partido”.

Moradora de Jundiaí, Ana Maria é a mesma pessoa que aparece como doadora da campanha do vereador Camilo Cristófaro (PSB), de São Paulo, que teve na semana passada seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral por captação ilícita de recursos durante as eleições. O socialista recebeu R$ 6.000 dela.

Ao todo, Ana Maria doou, no último pleito, R$ 395,5 mil para quatro políticos, sendo três de São Caetano – a maior fatia para Auricchio. Deste valor, depositou R$ 293 mil na campanha do hoje prefeito; R$ 57 mil na do candidato a vereador Irineu Vencigueri; e R$ 39,5 mil no projeto de Roberto Barbato (todos do PSDB), que tentou vaga na Câmara.

O TRE condenou, em abril, Ana Maria a pagar multa de R$ 381,9 mil por ultrapassar o teto legal de doação eleitoral – ela foi a segunda maior colaboradora. Após investigar a renda da doadora, a Justiça Eleitoral – que autorizou a sua quebra do sigilo fiscal – descobriu que o ganho bruto dela em 2015 foi de R$ 136,4 mil.

A denúncia envolve ainda Rodrigo Toscano, superintendente do Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental), Eduardo Abrantes, Julio Abrantes (pai de Eduardo), Rosana Abrantes, Lucas Nascimento (cunhado de Eduardo), Rita de Cássia Silva (funcionária da Globo) e Ana Maria Comparini Silva (mãe de Rita).

OUTRO LADO
A defesa de Auricchio, por meio dos advogados Ricardo Penteado e Beto Vasconcelos, alegou que se deve esclarecer que se trata de opinião do Ministério Público Federal, ainda pendente de apreciação pelo TRE. “O prefeito está à disposição da Justiça Eleitoral para prestar todos os esclarecimentos necessários. Tem certeza da correção de sua conduta, confia na Justiça e acredita que os fatos serão elucidados.” 




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