Em assembleia realizada na manhã de ontem, trabalhadores da Mercedes-Benz decidiram paralisar a produção na fábrica de São Bernardo por um dia para cobrar da empresa medidas que garantam o emprego dos 9.800 funcionários da planta, sendo aproximadamente 5.000 nas linhas de montagem. As atividades deverão ser retomadas hoje.

Segundo o diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges Júnior, a categoria ficou apreensiva após as declarações dadas pelo presidente da montadora para a América Latina, Philipp Schiemer, na semana passada. Durante a cerimônia que marcou os 60 anos da empresa no Brasil, o executivo afirmou que a renovação do PPE (Programa de Proteção ao Emprego) “perdeu a utilidade” para a companhia. O PPE é a ferramenta emergencial criada pelo governo federal no ano passado e que permite aos empregadores, durante momentos de crise, reduzirem os salários e carga horária dos trabalhadores.

“O clima na fábrica é de insegurança, já que 1.500 pessoas estão em licença-remunerada desde fevereiro, sem data para voltar, e a Mercedes diz ter excedente de 2.000 empregados em São Bernardo”, comenta o sindicalista, que também rebate a afirmação feita por Schiemer de que há negociações em andamento com a entidade. “Isso não vem acontecendo”, garante.

Selerges Júnior afirma que, após a decisão pela paralisação de um dia, a direção da empresa chamou o sindicato para uma reunião, que está marcada para amanhã. Ele diz não ter informações sobre o que será apresentado pela companhia. “Esperamos que seja alguma boa notícia no sentido de buscar alternativas para evitar demissões.”