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Venda de veículos 0km tem queda de 24,5% no pior outubro em 5 anos

No Grande ABC foram negociadas 1.783 unidades, sendo 673 em S.Bernardo; resultado reflete o impacto da falta de componentes

Wilson Moço
Do Diário do Grande ABC
05/11/2021 | 00:04
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Claudinei Plaza/ DGABC


A venda de veículos zero-quilômetro no País registrou o pior outubro em cinco anos, com queda de 24,5% na comparação com o mesmo período de 2020. Conforme os dados divulgados ontem pela Fenabrave, a associação que representa as concessionárias, foram negociadas 162,4 mil unidades, entre carros de passeio, utilitários leves (como picapes e vans), caminhões e ônibus. Já em relação a setembro, que teve o pior resultado em 2021, houve incremento de 4,7%. No Estado de São Paulo foram comercializados 33.501 veículos, dos quais 1.783 nas sete cidades do Grande ABC. São Bernardo, com 673 emplacamentos, teve o melhor desempenho.

O mercado sente o impacto da falta de componentes, sobretudo de semicondutores – circuitos eletrônicos –, que tem levado à interrupção de turnos de produção, caso da Volkswagen de São Bernardo, que desde o dia 1º colocou cerca de 1.500 trabalhadores no regime lay-off (suspensão de contrato), por pelo menos dois meses, ou mesmo à paralisação total no chão de fábrica. Diante desse quadro, alguns modelos estão em falta.

“Os emplacamentos de todos os segmentos automotivos vêm oscilando, de acordo com o fluxo de produção. A demanda se mantém alta, mas há segmentos em que a espera por um veículo pode levar meses, em função dos baixos estoques das concessionárias, que não têm todos os pedidos atendidos pelas fábricas, devido à falta de insumos e componentes. Esperamos pela normalização da produção, mas acreditamos que isso só ocorra em meados de 2022, na melhor das hipóteses”, avalia Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave. 

Apesar de pequeno avanço na comparação setembro-outubro, outros fatores, além da falta de componentes, servem para aumentar a preocupação do setor, como o cenário econômico ainda instável, com alta nas taxas de juros, que podem comprometer o crédito, a crise hídrica e os sucessivos reajustes dos preços dos combustíveis.

“A recente alta nas taxas oficiais de juros (Selic) e a possibilidade novas elevações podem influenciar a decisão da compra e na oferta de crédito, que pode se tornar mais seletivo”, estima o dirigente. 

No acumulado do ano, as vendas chegaram a 1,74 milhão de veículos, 9,5% a mais do que nos dez primeiros meses de 2020, período em que o mercado foi atingido pela chegada da pandemia ao País, com fechamento de revendas nos maiores mercados por pelo menos dois meses.

A tendência, porém, é que a diferença em relação ao ano passado seja reduzida até o fim de dezembro. Associação representante das montadoras, a Anfavea não descarta a possibilidade de recuo de 1% no resultado final de 2021.

O volume vendido no mês passado foi o menor para outubro desde 2016, quando menos de 160 mil veículos foram emplacados em igual período. Na época, o setor sentia os efeitos da prolongada recessão no Brasil.

MOTOS

As vendas de motocicletas praticamente repetiram no mês passado o volume do mesmo período de 2020. No total, 97 mil unidades saíram das concessionárias em outubro, leve alta de 0,9% no comparativo interanual, segundo o balanço da Fenabrave. Frente a setembro, houve queda de 10,9% nos emplacamentos. O volume acumulado desde o início do ano ficou 29% acima dos dez primeiros meses de 2020, chegando a 938,5 mil unidades. 




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