Economia Titulo Capacitação
Projeto social da Volks rende frutos
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
13/08/2012 | 06:57
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Andréa Iseki/DGABC


Tecidos descartados, que não têm mais serventia para a Volkswagen, estão ajudando a transformar a vida de mulheres de baixa renda de São Bernardo, por meio do projeto Costurando o Futuro. A ação social, desenvolvida pela montadora em parceria com a Prefeitura de São Bernardo e que já existe há três anos, está rendendo frutos. Onze mulheres formadas pelo projeto estão em vias de constituir empresa para se lançarem, formalmente, ao mercado.

A iniciativa possibilitou a elas aprenderem um ofício e a terem rendimento para ajudarem no sustento da família. Isso porque, a partir dos tecidos doados pela montadora, elas elaboraram - com a ajuda de outras entidades contratadas pela Volks - e hoje produzem 39 itens diferentes: bolsas, mochilas, pastas, necessaires e sacolas, por exemplo.

A iniciativa dá destinação a uniformes velhos e a tecidos não aproveitados de forros e bancos automotivos, por exemplo, de quando há testes para novas padronagens no interior dos carros. Desde 2009, 32 toneladas já foram utilizadas no projeto. Ao mesmo tempo, reverte em renda para as costureiras. Boa parte dos itens atualmente é comprado pela Volks para ser distribuído como brinde.

Essas mulheres têm recebido, em média, R$ 400 mensalmente e já chegaram a obter mais de R$ 1.000 em um mês para cada costureira, quando participaram em estande da Fundação Volkswagen no último Salão do Automóvel, em 2010.

O que falta agora é deslanchar a empresa, que já tem nome: Tecoste. Uma das integrantes do grupo, Lusinete de Souza Almeida, 56 anos, conta que está em elaboração site para a venda dos produtos via internet, o que deve dar mais visibilidade à iniciativa e trazer mais clientes. Elas também vão procurar outro espaço para se instalarem. Atualmente estão em sala da Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania), cedida pela Prefeitura para o desenvolvimento do projeto.

CAPACITAÇÃO - Ao todo, nesses três anos, foram capacitadas pelo Costurando o Futuro cerca de 160 mulheres. A primeira turma, em 2009, era de 40 pessoas, vindas de situação de fragilidade social (além de serem de baixa renda, algumas sofriam depressão, violência doméstica e outros problemas).

O grupo que resolveu montar a Tecoste já foi maior. "Éramos 44 costureiras, várias aprenderam a profissão e arrumaram emprego. Mas quando temos encomenda grande, chamamos mais pessoas e pagamos por serviço prestado", afirma Lusinete.

AUTOESTIMA - O trabalho envolveu não apenas a costura. As participantes passaram por acompanhamento psicológico e por cursos de empreendedorismo, para se habilitarem para administrar compras, estoques e vendas.

Além de se capacitarem para ter uma empresa, muitas delas também mudaram a forma de encarar a vida. É o que conta Iraci Ferreira dos Santos, de 55 anos. "Antes ficava em casa, mas pensava ‘depois que meus filhos crescerem, vou caçar o que fazer'. Aprendi a costurar. Foi bom, voltei a estudar e agora estou fazendo a oitava série", afirma. Deusanira Ramos Galvão, 50 anos, também voltou aos estudos e sente satisfação em fazer parte do grupo. "Antes só ficava em casa. Hoje tenho uma profissão", conta, com orgulho.

Experiência será estendida agora a São José dos Pinhais

A partir da experiência bem sucedida do Costurando o Futuro em São Bernardo, a Volkswagen vai estender o projeto social a outras cidades onde a montadora tem fábrica: São José dos Pinhais (PR), Taubaté (SP) e São Carlos (SP). Para isso, a montadora contará com financiamento do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). O primeiro município a ser contemplado será São José dos Pinhais, onde a ideia é iniciar com a formação de 40 mulheres, a partir de outubro.

Além da capacitação de costureiras, outra meta fora do Grande ABC é ter parcerias com indústrias que também tenham descarte de tecidos, afirma a diretora de administração e relações institucionais da Fundação Volkswagen, Conceição Mirandola.

Também está nos planos apresentar, a outras companhias interessadas, a metodologia da experiência para disseminar a iniciativa, que é calcada no tripé da sustentabilidade: redução de impacto ambiental; geração de renda e formação das pessoas.




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