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Região vê queda de 41,6% nas justificativas em relação a 2016

Especialista argumenta que pandemia prendeu eleitor em casa, que evitou pedir requerimento

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
23/01/2021 | 00:43
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Divulgação


O número de eleitores que justificaram o voto na eleição do ano passado foi 41,6% menor em relação ao pleito que ocorreu em 2016 na região. Em 2020, o total de eleitores que decidiram justificar o voto em todo o Grande ABC foi de 75.629, enquanto no processo eleitoral de quatro anos atrás esse contingente foi de 129.496.

A redução no volume de justificativas contrasta com o aumento das abstenções registradas na eleição municipal do ano passado. Em 2020, o Grande ABC computou o patamar histórico de 26,37% de eleitores que deixaram de comparecer às urnas – das 2.093.026 aptas ao voto, 552.101 se abstiveram.

Segundo o cientista político e sociólogo Fábio Gomes, a diminuição da estatística pode ser explicada pela possibilidade de os eleitores nem sequer terem saído de suas casas para justificar o voto devido à pandemia do novo coronavírus.

“Faz muito sentido essa questão, de as pessoas não terem saído de casa para justificar o voto. De fato, a gente também pode ter pessoas que podem ter deixado para depois para resolver essa situação. Muita gente ainda está evitando sair de casa para qualquer coisa e isso pode ter acontecido também nos dias da eleição”, sustentou Gomes.

O processo eleitoral para definição de prefeitos e vereadores pelo País foi organizado em meio à pandemia de Covid-19. A despeito de a Justiça Eleitoral ter transferido a data do pleito e adotado medidas sanitárias no dia do voto, muitos eleitores optaram por não votar com receio de contaminação.

Tanto que ontem o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) anunciou que suspendeu as consequências previstas no Código Eleitoral para os eleitores que deixaram de votar e não apresentaram justificativa eleitoral ou não pagaram a respectiva multa. Ou seja, haverá espécie de anistia ao eleitor que não foi votar no dia 15 ou dia 29 de novembro.

Pela legislação eleitoral, a ausência de regularização do título acarreta em diversas sanções, como o cancelamento automático da inscrição. Com o título cancelado, o eleitor não pode votar, assumir cargos públicos, obter passaporte ou o CPF. Além disso, a pessoas não pode conseguir créditos mantidos pelo governo e renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial.

O especialista lembrou que o TSE facilitou a justificativa ao eleitor, permitindo a medida por meio de aplicativo. Durante o primeiro turno, entretanto, centenas foram as reclamações de eleitores que não haviam conseguido justificar a ausência pelo celular. Na visão de Fábio Gomes, o aplicativo e-Título e sua função de justificativa eletrônica impulsionaram a abstenção.

Na eleição do ano passado, São Bernardo foi a cidade onde mais pessoas recorreram ao expediente, atingindo número de 24.182 eleitores. Em 2016, esse volume foi de 38.586. A segunda cidade a ter mais justificativas foi Santo André, que no ano passado registrou 22.432 requerimentos. Esse número em 2016 foi de 36.042 pedidos.

Em São Caetano foram 6.575 justificativas. Em Diadema, 10.164. Mauá computou 8.675, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que têm zonas eleitorais compartilhadas, atingiram a marca de 3.601 nos dois municípios.  




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