O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu à ideologia do "estado mínimo" a falta de investimento em mobilidade, saneamento, transporte e segurança nas cidades brasileiras nas décadas de 1980 e 1990. Ele disse que os erros cometidos pelos governantes do século 20 terão de ser reparados pelos do século 21 para garantir qualidade de vida, principalmente à população de baixa renda, que a ser ver, foi vítima da falta de recursos. "A filosofia, eu diria até ideologia do estado mínimo, deixou milhões de pessoas desassistidas", afirmou.

O presidente Lula participou ontem no Rio do lançamento oficial do Challenge Bibendum, evento mundial organizado pela Michelin, que em maio de 2010, ocorrerá no Rio de Janeiro. O presidente mundial da fabricante francesa de pneus, Michell Rollier, esteve ontem na cidade para lançar o programa e participar da convenção Mobilidade Sustentável/ Renovação Urbana, como uma prévia ao programa do ano que vem. Autoridades e pesquisadores de diversas cidades latino-americanas vão expor até amanhã no Rio experiências bem-sucedidas para a mobilidade sustentável nas cidades da região.

Lula citou investimentos de R$ 106 bilhões que o governo federal programou entre 2007 e 2011 para as cidades, como área de moradias e transporte. O presidente afirmou que vai lançar um segundo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para melhorar a mobilidade nas 12 cidades que serão sede da Copa do Mundo, em 2014. O ministro das Cidades, Marcio Fortes, disse que serão aplicados R$ 5 bilhões para investimento em projetos de transporte coletivo, como o monotrilho em São Paulo.

O presidente da República afirmou, ainda, que os investimentos visam proporcionar qualidade de vida para pessoas que moram em favelas. "Precisamos acabar com a segregação perversa que faz com que o brasileiro se sinta isolado dentro de sua própria casa, seu próprio País", criticou. Para Lula, só com investimentos em comunidades carentes, como as falvelas do Rio de Janeiro, é que o governo vai vencer o crime organizado e o narcotráfico, gerando confiança e qualidade de vida para seus moradores.
"Quando fazemos teleférico para levar o pobre até o alto da favela, é gasto. Quando é viaduto para a classe média, é investimento. Nós temos que acabar com este preconceito", criticou o presidente Lula, que estava acompanhado do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, e do prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes.

O presidente da Michelin, Michel Rollier, afirmou que a mobilidade urbana não se limitar ao ir e vir. "Afeta diretamente o desenvolvimento econômico, social e ambiental dos países", afirmou. "Temos que discutir soluções para os problemas de hoje, com foco nas gerações futuras", disse.

Com o Challenge Bibendum, o Rio de Janeiro receberá no ano que vem mais de 300 jornalistas do mundo inteiro. Eles irão participar de debates com autoridades do mundo inteiro em mobilidade, além de poder testar veículos que vão apresentar tecnologias futurísticas. Quase todos os fabricantes mundiais de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus são parceiros da Michelin no evento, que fará no Rio a sua 11ª edição. Em cada ano, é realizado em uma capital do mundo. No Rio, o evento foi adiado de 2009 para 2010, em razão a crise econômica.