O que se passa na cabeça dos integrantes das Câmaras do Grande ABC? Estariam seus ocupantes fora da realidade devido à pandemia? Perderam a noção? A sucessão de fatos emanados pelas casas legislativas dá margem para que os cidadãos formalizem pelo menos uma das perguntas que iniciam este texto.

A mais recente notícia é descabida, para dizer o mínimo. Vereadores de Ribeirão Pires têm intenção de conceder aumento de salários para o prefeito, vice e, na esteira, também para eles a partir do próximo ano.

Dias atrás, nas páginas deste Diário, foi estampada reportagem dando conta da antecipação do 13º salário dos parlamentares de Diadema, que receberam a primeira parcela do abono natalino em julho.

Também mereceu destaque a proposta de aluguel de carros novos para atender aos vereadores de Mauá. Com a péssima repercussão do caso eles até ensaiaram um recuo, mas...

Os nobres edis, ao que tudo indica, perderam o juízo ou deram de ombros para a realidade vivenciada pela população. A maioria dos moradores do Grande ABC já não tinha vida fácil e agora atravessa período ainda mais complicado em razão da pandemia do novo coronavírus, que ceifou vidas, tirou empregos e ampliou dívidas.

Diferentemente dos políticos, quem leva uma ‘vida normal’ não possui o condão de se autoconceder benesses como elevação nos ordenados, adiantar o recebimento de um benefício que só deverá chegar em novembro ou deliberar a troca do automóvel que utiliza sem gastar um centavo com o upgrade.

Muitos dos envolvidos já se articulam para seguir na vereança e estão em campanha para se manter no posto que atualmente ocupam. Nos dias que faltam para a eleição de novembro, tudo farão para mostrar o quanto estão interessados em resolver os problemas da população.

Depois de eleitos, as prioridades mudam. A vontade de servir ao povo dá lugar à tentação de servir-se do cargo.