Economia Titulo Consumo
A cada R$ 100 consumidos no Brasil, R$ 1,75 é no Grande ABC

Região deverá movimentar R$ 98,8 bilhões até o fim do ano; classe B será responsáveis por 43% do gasto

Beatriz Mirelle
Especial para o Diário
12/06/2022 | 08:19
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Claudinei Plaza/DGABC


A cada R$ 100 que são gastos no Brasil, R$ 1,75 é no Grande ABC. Em 2021. era R$ 1,67. O consumo das famílias na região deve movimentar cerca de R$ 98.8 bilhões ao longo deste ano, liderado pelas despesas da classe B. O IPC Maps 2022, estudo especializado no cálculo de índices de potencial de consumo nacional, estima que o fluxo no Brasil será de R$ 5.6 trilhões, o que corresponde a aumento real de apenas 0,92% em comparação a 2021.


De acordo com Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa, o resultado inferior a 1% é reflexo da lenta recuperação após flexibilização das medidas causadas pela pandemia da Co. Também é agravada pelo confronto armado entre Rússia e Ucrânia, na Europa. Nesse contexto, houve o fechamento de mais de 1,1 milhão de empresas no Brasil desde 2021, sendo a maioria MEIs (Microempreendedores Individuais).


No Grande ABC, a classe B representa 42,9% do consumo, com potencial de movimentar R$ 42.3 bilhões em 2022. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ela é formada por famílias com renda mensal entre R$ 10.450 e R$ 20.090. Até dezembro, os maiores investimentos dessa categoria serão com habitação, despesas variadas, veículo próprio e alimentação em casa. A menor parte dos domicílios urbanos fica para a classe A (3,7%), que terá força de consumo em torno de 16% (R$ 15,7 bilhões), com gastos relacionados às despesas variadas, habitação, veículo próprio e material de construção.


As sete cidades da região somam cerca de 2,84 milhões de cidadãos. Destes, 2,82 milhões moram na área urbana e são responsáveis pelo consumo per capita anual de R$ 34.865,35, contra R$ 19.268,95 gastos individualmente pela população rural. Na região, a maioria dos domicílios urbanos é da classe C (famílias com rendimentos acima de R$ 4.180 e até R$ 10.450 por mês), sendo 50,2% das residências com capacidade de gerar fluxo de R$ 34,2 bilhões até o fim do ano.


CONSUMO E RENDA
A renda média mensal no Brasil caiu 6,9% em 2021. O valor foi de R$ 1.454 em 2020 para R$ 1.353 no último ano. Esse é o menor resultado registrado desde 2012, quando o IBGE começou a realizar a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua. No Sudeste, o rendimento ficou em R$ 1.645, registrando taxa maior que a nacional.


As classes D, com renda familiar mensal de R$ 2.090,01 e R$ 4.180, e a E, com até dois salários mínimos (R$ 2.244), correspondem a 19% das residências no Grande ABC. A projeção estima contribuição de 6,4% dessas classes, movimentando cerca de R$ 6.3 bilhões até dezembro. Os gastos serão relacionados, em sua maioria, para habitação (R$ 2.4 bilhões) e alimentação (R$ 824.8 milhões).


A dona de casa Patrícia Querino, 46 anos, e o metalúrgico Reginaldo Querino, 52, moradores da Vila Gilda, em Santo André, comentam que o consumo com alimentação dentro de casa e veículo próprio dominam os gastos da família. “Nós percebemos que todo mês há mudanças nos preços de produtos de mercado. Gastamos muito com carne. As contas de água e luz também sugam o salário, assim como as vezes que abastecemos o carro”, relata Patrícia.


Querino afirma que os gastos só não estão maiores porque a empresa que trabalha concede convênio de saúde. As despesas com plano médico da classe C podem movimentar até R$ 978,5 mil neste ano, já as com veículo próprio ficarão em torno de R$ 3.325 milhões no Grande ABC, de acordo com o IPC Maps.


Depois dos reajustes nos combustíveis, a técnica de enfermagem Vanda Aparecida, 52, precisa escolher quais lugares pode ir a pé para tentar economizar. “A gasolina aumentou e piorou a situação. No mercado, os preços estão absurdos. Não tem nada barato, desde bolacha e óleo até feijão e verduras. Outras despesas, como energia elétrica, também são as que mais gasto”, explica a moradora da Vila Marina, Santo André.


Neste ano, o levantamento do IPC Maps aponta que o consumidor tende a gastar mais com veículo do que com alimentação. “Como na pandemia muitas indústrias pararam de produzir, principalmente autopeças eletrônicas, as empresas tiveram de prolongar os prazos de entrega e reajustar os valores. Enquanto isso, crescia a demanda por transportes via aplicativos e delivery, tanto pelo consumidor – que passou a usar mais esses serviços –, quanto pelos trabalhadores – que viram nesse segmento uma oportunidade de compensar a perda do emprego ou de parte do seu salário, ou ainda, de ter uma renda extra”, avalia Pazzinni.  




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