Política Titulo Editorial
Cuidados essenciais
Do Diário do Grande ABC
23/06/2019 | 11:23
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A violência doméstica ganha contornos cada vez mais preocupantes no Grande ABC, como bem mostra reportagem de hoje e outra publicada domingo passado neste Diário, cada uma com suas especificidades, mas que ao fim e ao cabo deixam claro que ações e políticas públicas de proteção às mulheres são urgentes. Há de se reconhecer que existem algumas iniciativas aqui e acolá. No entanto, não há a menor dúvida de que não têm sido suficientes para impedir que sofram agressões das mais variadas. Se fossem, muito provavelmente a região não teria registrado o sinistro número de oito feminicídios apenas neste ano.

Crimes que vêm no rastro do que começou em agressões verbais ou físicas no ambiente doméstico, palco de nada menos do que 1.283 casos de lesão corporal registrados em boletins de ocorrência em 2018 nas sete cidades, média de três por dia, a esmagadora maioria cometidos por companheiros das vítimas. Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado jogam ainda mais luz sobre o problema ao revelar que, entre janeiro e abril deste ano, 45% dos 486 ataques aconteceram aos sábados e domingos. Ou seja, quando as pessoas estão mais próximas dentro de casa, e por maior período.

E quando isso acontece, assustadas e aviltadas, as mulheres se sentem desprotegidas, acuadas, e não sabem aonde buscar ajuda, porque falta no Grande ABC rede de proteção que possa acolher as vítimas com atendimento contínuo, 24 horas por dia, os 365 dias do ano. Aliás, nem mesmo na delegacia especializada, a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), ela pode pedir socorro, posto que as que existem na região não abrem aos fins de semana e feriados nem mesmo ficam à disposição à noite.

Sem ter para onde ir e receosa de expor seu drama em uma delegacia comum, a vítima opta por não denunciar. E fatalmente sofrerá novas agressões. Especialistas criticam a falta de espaços e atendimento adequado a essas mulheres, que precisam mais do que uma DDM 24 horas. Obviamente é parte fundamental da rede de proteção, mas locais de acolhimento aonde vão encontrar amor, amparo e cuidados são essenciais. 




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