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Atrás de ‘O Código Da Vinci’
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
19/05/2005 | 08:30
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Sociedades secretas, mensagens simbólicas ocultas em quadros de Leonardo Da Vinci, códigos criptográficos envolvendo um assassinato, discussões polêmicas sobre a vida de Jesus Cristo, o papel da Igreja Católica e o verdadeiro sentido do lendário Santo Graal fazem do best seller O Código Da Vinci, do inglês Dan Brown, um fenômeno de vendas aclamado por leitores de todo o mundo e execrado pelo Vaticano. Eleito no mês passado como o Livro do Ano na Inglaterra e líder no ranking dos mais comprados nos Estados Unidos por dois anos seguidos, o romance já vendeu mais de 25 milhões de exemplares e foi traduzido para 44 idiomas desde seu lançamento em março de 2003.

Na história, o professor de simbologia religiosa Robert Langdon, da Universidade de Harvard, e a criptógrafa francesa Sophie Neveu vêem-se envolvidos com o assassinato do curador do Museu do Louvre, avô de Sophie, e passam a ter de decifrar pistas escondidas nos quadros de Leonardo Da Vinci (1452-1519) e em paredes e tumbas de templos medievais da França, Inglaterra e Escócia para desvendar o autor dos crimes e os segredos acerca do mítico Santo Graal.

O sucesso da publicação foi tanto que já despertou a cobiça dos “cartolas” de Hollywood. Depois de comprar os direitos autorais de Dan Brown por US$ 6 milhões, os estúdios Columbia Pictures encarregaram o diretor Ron Howard de dirigir o filme, com estréia prevista para maio de 2006. No elenco, deverão estrelar Tom Hanks, no papel de Robert Langdon, e Alfred Molina como o bispo Aringarosa – chefe da Opus Dei, grupo conservador da Igreja Católica. Já a atriz francesa Audrey Tautou, famosa por sua interpretação em O Fabuloso Destino de Amelie Poulain, dará vida à perita Sophie Neveu.

Mas não é só no campo das artes literária e cinematográficas que o livro faz sucesso. Enquanto Dan Brown instiga a imaginação do leitor com pinceladas de fatos, monumentos e pontos turísticos reais – fazendo jus ao conceito popular de que a arte imita a vida –, o turismo na Europa, por sua vez, embarca na fantasia de Brown e passa a apontar números concretos de crescimento, bem longe da ficção. Em Paris, a igreja de Saint-Sulpice viu seu número de visitantes duplicar para mais de 20 mil pessoas no último verão. E a capela da até então pacata Rosslyn, nos arredores de Edimburgo (Escócia), chegou a beirar o recorde de 13 mil visitas em um único mês – mais que o dobro do que estava acostumada a receber.

De acordo com Paul Charles, diretor de comunicação da Eurostar – grupo internacional que gerencia o trem de alta velocidade que liga França e Bélgica ao Reino Unido –, a Cidade Luz tem assistido ao que chama de “efeito Código Da Vinci”. Como resultado, a companhia registrou em 2004 um aumento de cerca de 15% na venda de passagens em relação a 2003 – porcentagem que equivale a cerca de 7,27 milhões de pessoas a mais desembarcando em Paris no último ano.

O motivo, segundo Charles, seria a novela esotérico-religiosa de Dan Brown, que devolveu aos ingleses a vontade de visitar a capital francesa. “Já faz uns dois ou três anos que constatamos um certo cansaço de Paris. As pessoas preferiam outros destinos da moda, como Barcelona ou Praga. O que estamos vendo agora, muito claramente, é uma recuperação destas viagens”, disse o porta-voz da Eurostar, lembrando que, além do livro, o interesse dos ingleses deve-se também aos esforços da Oficina de Turismo de Paris em atrair turistas britânicos.

Roteiros – No embalo das aventuras de Robert Langdon, diversas agências de turismo local passaram a oferecer tours pelos principais pontos turísticos que aparecem em O Código Da Vinci. As ofertas são as mais variadas e criativas: há desde passeios pelo Museu do Louvre guiados por historiadores da arte especializados nos simbolismos das obras de Da Vinci, até roteiros no Reino Unido organizados pela British Tours, que ficou ainda mais famosa depois que Madonna e Guy Ritchie decidiram dar uma volta pelos pontos de Londres citados no livro.

Nos Estados Unidos, por sua vez, a Beyond Boundaries lançou um pacote que permite ao turista pilotar um SmartCar como o de Sophie Neveu pelas ruas de Paris – embora, é claro, não em tempo recorde como o da personagem na trama, que conseguiu desvendar os mistérios do assassinato de seu avô e do Santo Graal pela França e Grã-Bretanha em um único dia. Afinal, imitar a arte também tem seus limites...




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