Quatro dias depois do anúncio da morte de Yasser Arafat, Abbas, também conhecido como Abu Mazen, assumiu as prerrogativas de líder na OLP e virou o candidato mais forte para vencer as eleições presidenciais da ANP (Autoridade Nacional Palestina), marcadas para 9 de janeiro de 2005.
Uma fonte próxima às instâncias dirigentes do Fatah, movimento político fundado por Arafat, revelou que Abbas já era o candidato oficial do Fatah para as eleições.
A notícia não foi bem recebida pelos palestinos mais fiéis a Arafat, que consideram Abu Mazen um negociador moderado e contrário aos métodos violentos empregados na Intifada.
Abbas foi o primeiro-ministro de Arafat de 2002 a 2003, mas os dois nunca conseguiram se entender, principalmente pelo fato de Abu Mazen manter relações privilegiadas com os Estados Unidos e ser um interlocutor válido para Israel.
"Muitos em Gaza e na Cisjordânia se recusam a aceitar Abu Mazen como o sucessor de Arafat", afirmou o analista israelense Danny Rubinstein, sustentando que a atual tendência nos territórios palestinos é que "os que foram adversários de Arafat o estão substituindo", provocando respostas violentas em Gaza e na Cisjordânia.
Assim se explica o confronto registrado no domingo em Gaza, onde Abbas foi receber mensagens de condolências pela morte de Arafat e se reunir com diversos grupos palestinos, incluindo os mais radicais.
Ainda não está claro se o tiroteio, no qual morreram dois guarda-costas, tinha como objetivo matar Abu Mazen, mas foi sua presença no local que levou radicais armados do Fatah a clamar solgans hostis ao novo dirigente da OLP.
"Não foi uma tentativa de assassinato. Foi uma ação vergonhosa e preocupante", garantiu o ministro palestino encarregado das negociações com Israel, Saeb Erakat. "Não houve nada pessoal no sucedido", corroborou Abbas.
Apesar de Abu Mazen aparecer como o candidato dos líderes do Fatah, o nome mais ouvido nas ruas é o de Marwan Barguthi, ex-dirigente do Fatah na Cisjordânia preso desde 2002 e considerado por Israel como um dos instigadores da Intifada.
Para os palestinos, Barguthi encarna melhor o carisma, a rebeldia e a luta de Arafat do que Abu Mazen. Na Cisjordânia, as manifestações a favor de sua libertação são constantes. Na sexta-feira passada, durante o enterro de Arafat em Ramallah (Cisjordânia), o nome de Barguthi foi louvado junto ao do líder falecido.
"Abbas parece ser o novo líder palestino, mas o caudilho mais popular entre os palestinos é Marwan Barguthi", que Israel poderia guardar como curinga na sua manga e até "libertá-lo, se ele garantir uma saída negociada", declarou o analista internacional Isaac Bigio.
Barguthi, que depois da morte de Arafat exortou os palestinos a prosseguir a Intifada, pretende se apresentar às eleições palestinas, informaram seus colaboradores.
No entanto, muitos ministros israelenses descartaram que Barguthi, condenado por um tribunal israelense à prisão perpétua por atos de terrorismo, seja libertado, mesmo se eles não poderão impedir sua incômoda candidatura.
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