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Comércio restringe o uso de cheques
Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
13/07/2008 | 07:16
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Thales Stadler/DGABC


Para reduzir as altas taxas de inadimplência provenientes, muitas vezes, de cheques sem fundos, os comerciantes do Grande ABC passam progressivamente a recusar essa forma de pagamento, seja nas compras à vista ou parceladas.

O último balanço feito pela Serasa aponta que, entre os meses de abril e maio deste ano, aumentou em 1,4% o volume de cheques devolvidos a cada 1.000 compensados. Em abril, foram registrados 114,12 milhões de cheques compensados e 2,38 milhões de devolvidos, o que representou 20,9 cheques devolvidos a cada 1.000 compensados.

Em São Paulo, 15,9% dos cheques depositados em maio foram devolvidos. Entre janeiro e maio deste ano, 586,93 milhões de cheques foram compensados em todo o País e 11,9 milhões, devolvidos por falta de fundos. Do total, 98% dos cheques devolvidos são de pessoas físicas, explica o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida.

Essa é a principal justificativa por parte dos comerciantes para não aceitar cheques como forma de pagamento. As associações comerciais de Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá - principais pólos varejistas do Grande ABC - afirmam que quem ainda aceita cheques, para não perder a venda, recorre à consulta cadastral para reduzir a inadimplência.

Outros preferem trocar de uma vez as folhas dos talões pelo ‘dinheiro de plástico' - o cartão de crédito. A Aciam (Associação Comercial e Empresarial de Mauá) estima que, nos últimos três anos, houve redução de 50,46% na aceitação de cheques por parte do varejo. "Entendemos que, em alguns casos, o principal motivo foi a inadimplência", afirma secretário geral da entidade, Josué Bruno de Arruda.

No principal calçadão de Santo André, 20% do comércio já adotou a restrição ao cheque , conta o presidente da SOL (Sociedade Oliveira Lima e Região), Hélio Farber.

O levantamento, realizado pela Itaucard, aponta que o mercado de cartões de crédito atingiu a marca histórica de R$ 101,6 bilhões em faturamento em junho - crescimento de 22,6% em relação ao mesmo mês de 2007. Nos últimos cinco anos, foram emitidos 31 milhões de novos cartões para consumidores com renda até R$ 1.499 e outros 15 milhões para os demais rendimentos.

"O que leva o comerciante a optar pelo cartão, mesmo pagando taxas para o uso da máquina, é a segurança de receber o pagamento", avalia Luis Antônio Sampaio da Cruz, gerente executivo da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André).

Segundo o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), os lojistas podem recusar cheques, desde que uma placa informe a decisão ao cliente.

Para Frederico da Costa Carvalho Neto, professor de relações de consumo da PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) trocar o cheque pelo cartão é uma tendência.

"O cartão foi criado para isso mesmo: substituir o dinheiro em papel e os talões. É prático para quem usa e para quem recebe. Não tem problema de fundos, de voltar ou não creditar. Além do que, o comerciante não precisa ficar andando com uma pilha de cheques e correr o risco de ser roubado. A segurança é, sem dúvida, o que fala mais alto", avalia.




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