Política Titulo Segurança
Estado diminui número de delegados de plantão em Diadema

Apenas um servidor coordenará trabalhos nos fins de semana; medida revolta prefeito

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
09/05/2020 | 00:01
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André Henriques/DGABC


A briga política entre a Prefeitura de Diadema e o governo do Estado ganhou mais um episódio. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) estadual reduziu o número de funcionários plantonistas nas delegacias da cidade, provocando revolta no governo de Lauro Michels (PV).

Na quinta-feira, a gestão do governador João Doria (PSDB) publicou portaria readequando o atendimento nos plantões em Diadema. Ficarão abertos o 1º DP (Centro) e o 3º DP (Taboão), mas apenas um delegado será designado – ele terá de coordenar os trabalhos nos dois distritos a partir do equipamento no bairro do Taboão. Serão cinco equipes de escrivães e investigadores para auxiliá-lo.

Diadema chegou a ter dez delegados plantonistas. Nos últimos meses, esse número caiu para cinco e, depois, para três, já que dois servidores decidiram mudar de cidade.

Entre os argumentos para a nova configuração, o governo paulista listou “o reduzido quadro de delegados desta seccional”, a “reduzida área geográfica ocupada pela cidade de Diadema (30,8 quilômetros quadrados) e a consequente proximidade física entre os distritos-sede dos plantões policiais instalados” e “a pandemia (do novo coronavírus) que se está enfrentando e a potencial necessidade de termos quadros para substituição em caso de contágio de funcionário”.

Para Lauro, a decisão do governo paulista mostra que Doria “não conhece Diadema e não sabe o que está fazendo no cargo”. “Estão falando que a justificativa é a Covid-19. É algo bizarro. E onde Diadema é uma cidade pequena? Apesar de estarmos em uma área menor, temos mais de 400 mil habitantes (420,9 mil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). Doria não conhece nossa cidade, não tem noção do que está fazendo. Não tenho o que fazer. Vou lamentar.”

“Eu lamento o que está acontecendo. A segurança do Estado é falha. É lamentável a forma como somos atendidos pela segurança pública. Sei que as pessoas se esforçam para trabalhar. Os delegados, os policiais militares. Todos trabalham de coração e pela cidade, têm bom relacionamento com a Prefeitura porque a gente ajuda da forma como conseguimos”, emendou Lauro.

Em nota, a SSP informou que “não haverá fechamento de delegacias”. “Todas as unidades de polícia judiciária de Diadema seguem operando regularmente. Para otimizar o atendimento a população, os registros de flagrantes realizados durante à noite, feriados e fins de semana serão feitos no 3º DP do município. As outras unidades continuarão a registrar ocorrências, com exceção dos flagrantes, de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h.”

O último balanço de ocorrências divulgado pela própria SSP, no fim de abril e com dados de março, mostrou que Diadema registrou três homicídios, 116 roubos de veículo (maior da região), 68 furtos de automóveis e 434 roubos em geral (também recorde no Grande ABC).

“O governador tirou o setor tático de Diadema. Agora tira a Polícia Civil. Então tira logo todo mundo. Por que não abre a porta do presídio de uma vez?”, reclamou Lauro. “Vou encaminhar ofício para o Estado e para a secretaria.”

HOSPITAL
Outro embate entre Estado e município é com relação à construção de um hospital de campanha no Quarteirão da Saúde. Diadema pediu que o Palácio dos Bandeirantes auxilie com recursos para instalação de unidade exclusiva de tratamento de pacientes com Covid-19. O governo paulista informou que repassou R$ 4,2 milhões à cidade, dinheiro que poderia ter sido usado para o hospital de campanha. 




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