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O passarinho voou, e agora?
Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
11/05/2008 | 07:04
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"O lar do passarinho é o ar, e não o ninho." É uma pena que este trecho da música Brasa, de Gabriel O Pensador e de Lenine, seja de difícil compreensão para a maioria das mães. A resistência em aceitar que os filhos crescem e que, por isso, devem seguir sua própria vida, longe de suas asas, é o que leva muitas delas a ter a chamada síndrome do ninho vazio, sentimento de profunda tristeza quando vêem os seus ‘bebês' deixando o lar. O que elas não sabem, no entanto, é que este pode ser o melhor momento para cuidar de si mesma e de encontrar um novo motivo para viver.

Maria Regina Domingues de Azevedo, professora de psicologia da Faculdade de Medicina do ABC, diz que, o fato deste período coincidir com o da menopausa deixa a mulher com a sensação de que não tem serventia para mais nada, nem mesmo para iniciar um novo ciclo.

"Desde quando os filhos são pequenos, as mães abrem mão de seus sonhos para viver exclusivamente para eles. A medida que começam a ficar independentes, a mulher fica sem rumo e pensa: o que eu faço agora?", diz a professora.

Já não é mais preciso esperar para o almoço, para o jantar, não há mais tanta roupa para lavar nem dá para esperar satisfações. "Nestes casos, é muito mais comum a tristeza do que a revolta. Se a mulher se entregar, pode ter depressão."

Dificuldade - Andréa Krüger Gonçalves, pesquisadora e professora da Universidade Luterana do Brasil, para fazer sua tese Idoso no Mundo: O Indivíduo e a Vivência de Atividades Físicas como Meio de Afirmação e Identidade Social, analisou durante um ano pessoas com mais de 60 anos, em sua maioria mulheres.

"Elas tinham muitas queixas ligadas aos filhos, por conta de problemas de relacionamento e de como lidavam com essas mudanças em família", relata.

O intuito da profissional era saber como as pessoas com mais idade faziam para lidar com essas mudanças. "Não queria que elas ficassem presas ao passado, mas sim vivessem o futuro."

Para isso, dentro do período da pesquisa, Andréa ensinou atividades físicas, que fizeram um diferencial ao final. "Percebemos que elas não se queixavam mais e aprenderam a olhar com mais interesse outras situações."




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