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Varejo fatura, mas vê Natal pobre
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
02/08/2005 | 08:46
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O comércio da Grande São Paulo faturou acima do esperado no primeiro semestre, mas deverá ter um Natal mais magro que o de 2004. Em decorrência da explosão da oferta de crédito e da ampliação dos prazos de pagamento, o varejo faturou 7,5% mais nos seis primeiros meses de 2005 (comparado com igual período do ano passado), segundo balanço divulgado nesta segunda-feira pela Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).

Para a segunda metade do ano, no entanto, a expectativa é de forte desaceleração. Segundo estimativa da entidade, o comércio sentirá os efeitos do aumento do crédito sem crescimento proporcional da renda do trabalhador – o que manterá o consumidor endividado – e fechará o ano com expansão de apenas 3,5%.

De acordo com os números da Fecomercio, o setor automotivo foi o principal responsável pelo bom desempenho do comércio no primeiro semestre. Lojas de autopeças e acessórios tiveram expansão de 41,9%, acompanhadas de perto por concessionárias de veículos, que registraram crescimento de 36,4%. No outro extremo da pesquisa aparecem os supermercados. O segmento ficou na lanterna do ranking da entidade, com retração de 7% no confronto a igual período de 2004.

Na avaliação do presidente da Fecomercio, Abram Szajman, o resultado do primeiro semestre refletiu a forma como foi conduzida a política econômica no país. "Apesar das elevadas taxas de juros, a expansão do crédito, principalmente o consignado, levou a um considerável crescimento de vendas de bens de consumo duráveis, que comandaram a evolução do comércio no semestre", diz.

No entanto, os mesmos consumidores que puxaram para cima o faturamento do varejo, ao efetuar compras a prazo, serão responsáveis pelo esfriamento das vendas. "Quem comprou em parcelas no primeiro semestre, está endividado e vai segurar as despesas a partir de agora", acrescenta Szajman.

A queda nas vendas gerais do comércio e a redução do poder de compra do consumidor deve reduzir também o tíquete médio (valor gasto por operação). No Natal do ano passado, o consumidor na Grande São Paulo desembolsou, na média, R$ 50 por compra. Para este ano, a despesa média será de cerca de R$ 40, na previsão da Fecomercio. "Se o final do ano passado foi marcado pelas 'lembrancinhas', com presentes baratos, o Natal desse ano será ainda mais apertado", prevê o presidente da Fecomercio.

A redução do tíquete médio, no entanto, não representa queda do faturamento na mesma proporção. "Não podemos desconsiderar a desvalorização do dólar. Como a maioria dos presentes de Natal ou são de fora – caso dos brinquedos – ou têm matéria-prima importada, a desvalorização cambial vai baratear a maioria dos produtos. Ou seja, R$ 40 valem mais agora que no Natal de 2004."

Segundo Szajman, as previsões da Fecomercio para o segundo semestre não consideram um possível agravamento da crise política no país. "A entidade poderá rever as projeções caso as incertezas geradas pela crise contaminem a economia", disse.




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