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Do submundo para a TV
Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
25/10/2010 | 07:21
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As novelas do horário nobre já não são puro entretenimento, mas aproveitam a faixa de maior audiência para evidenciar problemas cotidianos. Temas polêmicos servem como mote para estimular reflexões da sociedade. Na Rede Globo, o folhetim Passione discute sobre o drama dos viciados em drogas por meio do personagem Danilo Gouveia, que tem vida com o ator Cauã Reymond, 30 anos.

Em sintonia com a mídia socialmente responsável, o Diário promove o 4º Desafio de Redação, cujo tema é Crack, Tô Fora!. Destinado aos jovens do Grande ABC, o projeto já obteve reconhecimento de vários setores, inclusive do meio artístico - com o galã fazendo parte deste grupo. "Fiquei feliz com a iniciativa. É importante falar sobre as drogas com os jovens e querer saber a opinião deles", salienta Cauã.

Na novela assinada por Silvio de Abreu, o destino de Danilo ainda é incerto para o ator, que apenas confirmou a volta do tipo para meados do mês que vem, desta vez como morador de rua. O sumiço do personagem casou com a cirurgia de Cauã para corrigir lesão no quadril. "As sessões de fisioterapia dão trabalho. São dias inteiros de exercícios. Mas também têm dado resultado, graças a Deus", afirma.

Em algumas entrevistas, o ator declarou que gostaria de ver a melhora do atleta, reduzido nas últimas cenas a um corpo pelas calçadas. Mas agora considera os dois extremos viáveis: "Se ele morrer, será um exemplo. Não foge da realidade do vício. Caso se recupere, ótimo. Mostra que deve existir esperança no fim do túnel", pondera.

Para levar a realidade das ruas à telinha, Cauã fez série de laboratórios. "Frequentei sessões dos Narcóticos Anônimos. Várias pessoas me ajudaram, mesmo depois das sessões, contando casos", afirma. Outra experiência marcante foi uma visita à Cracolândia, na região da Luz, em São Paulo. "Fiquei triste com tudo o que eu vi. Mas foi um bom exercício para a construção do personagem."

O ator não deixou de ir a clinicas de reabilitação durante a pesquisa. "Algumas têm o apoio da psiquiatria, tratam com remédio, e outras não usam medicação à principio. Conheci esses dois lados de tratamento. Mas imagino que haja 15 mil lados", aponta.

Livros e filmes ainda serviram como material para se aprofundar no assunto. "Li biografias como Cristal na Veia e assisti a vários filmes que tive à mão, caso de O Homem do Braço de Ouro", exemplifica. A internet, obviamente, foi ferramenta para a busca de informação: "Você encontra desde vídeos sobre como fazer um cachimbo para fumar crack até entrevistas de dependentes e depoimentos de familiares".

Mudança de hábitos também fizeram parte do de Cauã, que ainda tem o auxílio de psiquiatras e coaches. "Diminui as atividades físicas, embora tenha de fazer exercícios de reabilitação por conta da cirurgia. Também parei de frequentar a praia. Danilo é uma pessoa mais noturna do que solar", justifica. E completa: "O viciado, depois de algum tempo, vai ficando um pouco zumbi. Deixa de trocar de roupa, não faz a barba, não corta o cabelo. O corpo precisa dialogar com tudo isso".

Tamanha dedicação tem resultado em ótima repercussão nas ruas. "Todo mundo, infelizmente, acaba tendo proximidade com alguém que é dependente químico. Isso gera compaixão", argumenta o galã.
Depois das gravações de cenas pesadas, Cauã tenta espairecer. "Procuro sair para conversar com os amigos, ver um filme. Tomo banho de sal grosso", revela.

A preocupação de Cauã Reymond é compartilhada pelo Diário: estimular a reflexão sobre como lidar com as drogas. "A novela mostra para as famílias o drama do dependente químico. Quanto mais próxima ela estiver, mais chances de recuperação haverá. Mas a decisão de se recuperar é sempre do viciado. A família oferece ferramentas como internação, carinho", analisa.

 

 

 




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