A reunião ontem entre os integrantes da CPI dos Palhaços, em Santo André, foi praticamente em vão. Sem nenhum desdobramento, apenas foi adquirido um relatório da Secretaria de Cultura. A sinalização inicial é de que as investigações serão enterradas.

Os processos firmados entre a Pasta e a empresa Produz Eventos e Participações Artísticas sequer haviam sido solicitados pela comissão. Nenhum funcionário da Câmara foi chamado para registrar a ata da reunião.

A CPI foi aberta no Legislativo - depois de a Justiça acatar liminar da oposição - para apurar supostas irregularidades na contratação, sem licitação, da Produz. Com três meses de fundação, a empresa teve o primeiro convênio com a Prefeitura fixado em R$ 165 mil, tendo como objeto executar a intermediação de 80 shows nos Centros Educacionais de Santo André.

"A materialização do ilícito não é por meio de contrato formal. Não dá para acreditar em um relatório. Ninguém vai criar prova contra si", argumentou o petista Tiago Nogueira. "Quero ver cópia dos cheques dos pagamentos. Chamar os palhaços, pedir quebra do sigilo dos envolvidos, mas vejo má vontade."

O presidente da comissão, Marcos Cortez (PSDB), defendeu que o modelo adotado na contratação é o mesmo realizado na gestão petista. Para o tucano, o fato de a empresa ser recém-fundada não dá conotação ilegal. "O secretário, inclusive, disse que há outros contratos na Prefeitura com empresas de São Paulo recém-criadas. Não é caso único da Produz. Pode haver escassez de agenciadores no mercado", disse Marcos. "De qualquer forma, vamos confrontar o relatório com os processos."

Com quatro governistas entre os cinco componentes, a tendência é de avaliação rápida, sem aprofundar o caso. Ontem, parlamentares se diziam satisfeitos com o relatório enviado pelo Paço. "Está bem explicativo (o documento). Os valores são normais. O secretário (de Cultura, Edson Salvo Melo) afirmou que o fato de ter mudado a sede (a sede da Produz saiu da Rua Regente Feijó, 105, bairro Vila Assunção, para Rua Ibiacema, 386, Vila Floresta) era porque o local seria provisório e que não há relação pessoal com a empresa", sustentou o relator da CPI, Gilberto do Primavera (PTB).

A oposição acusa Edson de obter ligação com os donos da Produz. O primo do titular da Pasta, Daniel Salvo, aparece como contato administrativo no site da companhia. Outro apontamento é que um dos proprietários, Thiago Pinheiro Augusto, tem amizade com Daniel.

A próxima reunião para analisar os processos será segunda-feira. Porém, como uma secretária do Legislativo não havia sido chamada para acompanhar o encontro de ontem, o ofício para requisitar os documento será feito somente hoje. O vereador Sargento Juliano (PMDB) não compareceu à reunião nem justificou a falta. 

Aidan solicita a Mara Gabrilli emenda para acessibilidade 

O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), se encontrou ontem com a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB) em restaurante da cidade. No cardápio, um pedido de emenda para liberação de recursos para a área de acessibilidade e projetos a pessoas portadoras de deficiência. A política local também pautou a reunião. O petebista busca interlocução para contar com a parceria do PSDB em 2012, mas o ninho tucano andreense visa lançar candidatura própria.

Recentemente cotada para ser vice na chapa governista em Santo André, Mara não deu sinais de interesse, apesar das raízes na cidade. A tucana não mudou o colégio eleitoral, hoje pertencente a São Paulo. O prefeito sustentou que o posto de vice não foi colocado em jogo. "O assunto só será discutido no ano que vem." Em 2010, Mara conquistou 11,6 mil votos só em Santo André, o que contribuiu para sua eleição com 160 mil sufrágios.

O encontro ainda contou com o presidente do conselho municipal dos portadores de deficiência, Alexandre Francisco, o Xande (PTB), coordenador de campanha da tucana. Compromissada com a causa, Mara declarou apoio à pré-candidatura de Xande à vereança